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China mantém veto à importação de soja


O governo da China informou ontem que rejeitou as solicitações de importação de soja de sete compradores domésticos. Essa medida deverá ser mantida, enquanto promove as investigações sobre possíveis violações das regras comerciais. A conseqüência disso foi o cancelamento de pedidos para os grãos norte-americanos, o que ameaça a concretização dos negócios entre os dois países durante a safra atual, cujo valor está estimado em US$ 3,5 bilhões.

A investigação pode se prolongar por até seis meses, informou a Administração Estatal de Grãos em uma nota, sem especificar quais regras foram violadas. Os compradores da China cancelaram seis carregamentos de soja norte-americana, ou perto de 300 mil toneladas, segundo a nota. "Como as solicitações de novas remessas estão sendo rejeitadas, não nos atrevemos" a encaminhar novos pedidos de licença, disse Gary Qin, gerente da Chinatex Grains and Oils Import & Export. "É um problema sério. Não vejo como fazer novos pedidos a não ser para o próximo ano", declarou Gary Qin.

EUA reagem

A decisão da China, o maior importador de soja do mundo, impediu a Cargill, a Bunge e uma unidade da Archer Daniels Midland de embarcar soja para aquele país, segundo informaram os traders na semana passada. A iniciativa suscita preocupação nos Estados Unidos e no Brasil de que as restrições têm, na realidade, caráter protecionista, isto é, com objetivo de preservar mercado para os produtores domésticos.

"A liderança chinesa nos níveis mais elevados confirma que irá proteger seus produtores", disse Paul Burke, o diretor da Associação Americana de Soja na Ásia, em uma entrevista por telefone realizada na terça-feira. Os EUA são os maiores exportadores de soja para a China, seguidos pelo Brasil e a Argentina.

A atitude do China de bloquear as importações de soja do continente americano já está nas agendas dos governos brasileiro e norte-americano. "Estamos bastante surpresos de que a China esteja adotando essa medida", disse Allen Johnson, Representante do Comércio dos EUA (USTR) adjunto. "Os funcionários graduados chineses precisam resolver isso logo, sem causar embaraços para o mercado", continuou Johnson.

Reuniões de emergência

Altos funcionários da embaixada norte-americana contatados ontem em Pequim encaminharam todas as perguntas sobre o assunto para Washington. A embaixada brasileira realizou "reuniões de emergência" na semana passada para discutir o problema, disse, na sexta-feira, Renato Amorim, segundo secretário da embaixada em Pequim.

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