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Consumidor europeu rejeita transgênicos


A Monsanto Co. e a Syngenta AG cantaram vitória na última terça-feira por um parecer do tribunal da União Européia (UE) sobre seus alimentos geneticamente modificados, os transgênicos, mas talvez não consigam convencer os consumidores de que seus produtos são realmente saudáveis.

"Continua havendo uma enorme resistência do consumidor aos alimentos contendo produtos transgênicos", disse Themis Themistocleous, analista de indústria química da UBS Warburg de Londres. "Digam o que disserem os tribunais, no frigir dos ovos isso não muda nada. O que importa é o que o consumidor disser."

Prova científica

O Tribunal de Justiça da União Européia (UE), com sede em Luxemburgo, determinou na última terça-feira que a Itália poderá proibir o cultivo de produtos transgênicos desde que o governo local apresente prova científica que justifique a medida adotada.

Na opinião dos representantes das empresas de biotecnologia, como a Monsanto e a Syngenta AG, comprovar cientificamente que os transgênicos são prejudiciais será muito difícil conseguir. Mesmo sem proibição oficial ou de qualquer prova de que os produtos envolvam riscos, é provável que os consumidores europeus evitem os alimentos que contenham ingredientes transgênicos, segundo disseram Themistocleous e outros.

O que está em jogo é uma fatia importante do mercado biotecnológico mundial, cujo valor poderá chegar a US$ 2 bilhões em 2010, quase o dobro do tamanho da economia da Itália, segundo um estudo da União Européia (UE).

Mais de 70% dos cidadãos da União Européia não consumiriam alimentos que contivessem ingredientes transgênicos, mesmo que esses alimentos fossem mais baratos, segundo revelou uma pesquisa que ouviu mais de 1 mil pessoas em cada um dos países do bloco europeu, cujos resultados foram publicados há alguns meses pela instituição Eurobarometer, da UE.

"Os norte-americanos têm de entender que o público em geral é enormemente preocupado com essa questão", disse Antony Burgmans, co-presidente da Unilever, o maior fabricante mundial de alimentos e sabão, no mês passado. "Se os consumidores não querem organismos transgênicos, não os ofereceremos", afirmou ele.

Entre os produtos transgênicos estão a soja invulnerável aos herbicidas - sobretudo o RoundUp Ready da Monsanto - e o milho dotado de um inseticida natural. A proibição italiana diz respeito aos alimentos feitos com variedades de milho resistentes a insetos e herbicidas - o chamado milho Bt.

"Nos Estados Unidos consomem-se muitos desses produtos transgênicos desde 1996", disse Jane Rissler, funcionária da Union of Concerned Scientists, um grupo de cientistas interessados em assuntos de ecologia e controle de armas com sede em Washington. "Nada indica que os alimentos transgênicos tenham qualquer efeito deletério sobre as pessoas."

Novas normas

A Comissão Européia, o braço executivo da UE, está instando os 15 países do bloco a retomarem a aprovação de novos produtos transgênicos, suspensa em 1998.

A comissão informou que o temor dos consumidores se dissipará com a nova norma de etiquetagem de alimentos baixada este ano, e que, no final, a UE suspenderá a proibição imposta há cinco anos. Os Estados Unidos vêm repudiando a proibição na Organização Mundial de Comércio (OMC).

O parecer do tribunal da UE deixa a cargo de um tribunal italiano a decisão sobre a existência ou não de provas científicas suficientes para adotar a proibição.

kicker: Empresas não conseguem convencer seus clientes de que os alimentossão saudáveis

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