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Câmara Federal realiza audiência sobre crise da cafeicultura



(26/09/2003 - Coffee Break) -Foi realizada na manhã de ontem, na Câmara Federal, uma audiência pública denominada “Alternativas para a Cafeicultura Brasileira”. O evento foi fruto de uma solicitação do deputado federal, Carlos Melles, presidente de honra do Conselho Nacional do Café. Ao propor o encontro, o parlamentar sustentou que a audiência foi uma forma de se buscar soluções para a crise que afeta o setor e que tem levado desemprego a diversas regiões cafeeiras do país. O presidente do Conselho Nacional do Café, Osvaldo Henrique Paiva Ribeiro, representando o CNC/CNA/OCB, apresentou uma ampla conferência ao longo do encontro. Inicialmente, o dirigente fez uma apresentação do movimento “Café sem pobreza”, que vem sendo articulado, principalmente, no sul de Minas Gerais. Paiva Ribeiro também apresentou um histórico do café e sua importância para o desenvolvimento econômico da sociedade. O presidente do Conselho ainda apresentou considerações sobre a crise atual, lembrando o trabalho da ONG Oxfam, “A pobreza em uma xícara de café”, além de detalhar as características das várias regiões produtoras brasileiras e as conquistas de produtividade e qualidade obtidas nos últimos anos. “Conseguimos esse salto que foi muito importante para a nossa cafeicultura. No entanto, falta-nos renda e se não tivermos renda será inevitável observarmos um retrocesso em nossa cafeicultura”, apontou Paiva Ribeiro. Para o presidente do CNC, a receptividade dos deputados presentes à audiência foi bastante favorável. Os deputados federais mineiros Silas Brasileiro e Carlos Melles também fizeram explanações sobre a situação vivida pelo segmento cafeeiro e a necessidade de uma mobilização política para que alguma saída seja encontrada. Osvaldo Henrique Paiva Ribeiro salientou que o encontro foi produtivo e que uma medida concreta pôde ser tomada: uma comissão de parlamentares deverá pedir uma audiência com o ministro da Fazenda e sua equipe, visando envolver aquela pasta nas políticas de sustentação da cafeicultura que já estão em curso nas negociações do setor privado e o Ministério da Agricultura. O presidente do CNC e o presidente da comissão de café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Roberto Puliti entregaram aos deputados presentes à audiência um documento explicativo, no qual é apresentada a importância do café para a economia e para a sociedade brasileira e também é relatada a atual crise enfrentada pelo agronegócio.

Seattle — A capital da rede Starbucks, a cidade norte-americana de Seattle, rechaçou a implementação de um imposto de 10 centavos de dólar por xícara de café expresso ou elaborado vendido na cidade. A comemoração da vitória do "não" ocorreu nas cafeterias locais com cerveja, vinho e, claro, cafés expressos cobertos com espuma, o chamado "latte". Um total de 69% dos votantes se opôs à cobrança do imposto. "Não se pode simplesmente taxar o café, isso não funciona", disse Jeff Badcock, proprietário de uma cafeteria na cidade. A idéia de se estabelecer um imposto sobre os cafés processados era de reverter os recursos obtidos em financiamentos de programas para creches e jardins da infância. A tarifa recairia sobre os cafés expressos, cappuccinos, "lattes" e cafés com sabores especiais. Segundo John Burbank, um dos patrocinadores da idéia, a população gastaria entre 3 e 5 dólares com cafés de alta qualidade e poderia desembolsar mais 10 centavos para auxiliar um projeto social. "Foi uma votação desalentadora", declarou. Uma coalizão de donos de cafeterias, consumidores, torrefadores, encabeçados pela Starbucks, lutou contra a proposta do novo imposto.

Frente — Parlamentares da Colômbia estiveram reunidos em Cartagena com os deputados federais brasileiros Carlos Melles e Silas Brasileiro, além de membros do Ministério da Agricultura, como o secretário Linneu da Costa Lima. Desse encontro foi definida a elaboração de uma declaração conjunta, cujo objetivo é envolver os congressos dos dois países para buscar soluções para o atual cenário de crise enfrentado pelo café. As próximas ações a serem efetuadas serão buscar discutir as ações propostas na declaração com cada parlamento, para, dessa maneira, encontrar um apoio de deputados de várias tendências. O segundo passo é envolver também congressos de outros países produtores, com o objetivo final de exercer o papel democrático das câmaras na busca da reversão do atual cenário de miséria nos países cafeeiros e também da transferência de renda para as nações desenvolvidas.

Vitória — O porto de Vitória registrou o embarque de 393.933 sacas em agosto, informou o Centro de Comércio de Café de Vitória. O volume aferido é 59,4% menor que o verificado no mesmo mês do ano passado, quando 971.008 sacas haviam passado pelo porto capixaba. No acumulado do ano, o porto de Vitória exportou 3.686.222 sacas. As exportações de café do Espírito Santo geraram uma receita 159,6 milhões de dólares, sendo 86 milhões de dólares referentes a café arábica, 66,6 milhões a conillon e 7 milhões de dólares a café solúvel.

Expansão — A rede italiana Segafredo Zanetti continua ampliando suas cafeterias pelo mundo. Na última semana, a empresa abriu uma nova unidade em Kansas City, nos Estados Unidos, buscando ampliar sua presença na faixa central do país. Nos próximos dias, a Segafredo Zanetti estará inaugurando novas unidades nas cidades de Milão, Amsterdã e mais uma cafeteria em Buenos Aires. A primeira loja da rede na capital argentina foi aberta em agosto, a 100 metros da famosa praça de maio.

México — O pior já passou. Essa é a definição do presidente do Conselho Mexicano de Café, Roberto Giesemann, para a atual crise atravessada pelo café. Ele apontou que o México efetuou, nos últimos anos, um programa de apoio ao setor que agora começa a apresentar resultados. O grão produzido no país, segundo o dirigente, vem apresentando uma gradativa melhora e a demanda doméstica também está crescendo. Um fundo de compensação passou a ser revertido aos produtores na última semana. Esse fundo é uma espécie de subsídio que é concedido aos cafeicultores quando os preços internacionais atingem patamares baixos. Giesemann ressaltou que com as ajudas governamentais já concedidas e com a aplicação do fundo, o México deverá interromper as baixas em suas produções e terminar o próximo ano safra com uma colheita 13% maior que a de 2003.

Fundo — O congresso de Honduras aprovou a criação de um fundo para o café. O programa terá início no próximo mês de outubro e envolverá os 100 mil produtores locais. Cada quintal (saca de 46 quilos) comercializado deverá recolher ao fundo 4 dólares. Em oito anos, a expectativa é que o fundo gere um montante de 100 milhões de dólares. Com a criação desse fundo, os produtores locais poderão obter acesso a créditos facilitados pelo governo. O fundo servirá como um seguro de que esses financiamentos serão pagos no futuro. "Agora poderemos injetar recursos no setor. Esse dinheiro novo será essencial para Honduras buscar aumentar seu cultivo de cafés especiais. Poderemos, assim, acabar com o estigma de que temos cafés de qualidade inferior", ressaltou Fredy Espinoza, presidente da Associação dos Produtores de Café de Honduras.

ISO 9001 — O sistema de avaliação da qualidade do café brasileiro está sendo alterado pela primeira vez após 100 dos 275 anos da chegada da primeira muda de café ao Brasil. A responsável por essa mudança é a nova concepção de aumentar o consumo pela melhora da qualidade do produto que vem se formando na cadeia produtiva do café, a partir da indústria paulista e das iniciativas governamentais adotadas em São Paulo. O Estado de São Paulo é o primeiro e único no país a criar um programa de qualidade de café industrializado, com o apoio de dois laboratórios de avaliação sensorial que detém a norma de qualidade ISO 9001-2000. São o Ital (Instituto de Alimentos) e o GAC (Grupo de Avaliação do Café), criado pelo do Sindicafé (Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo) em 2002. Na atualidade, esses são os dois únicos laboratórios de análise sensorial de alimentos e de café do país a obterem a norma certificadora de qualidade. Também são os únicos credenciados a emitir pareceres para a concessão de certificados às indústrias do Programa Selo de Qualidade "Produto de São Paulo", criado pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Em breve um terceiro laboratório, o do tradicional Escritório de Café Carvalhaes, também estará apto a receber a ISO 9001-2000. As empresas estão recorrendo cada vez mais à avaliação externa de seus produtos. Segundo Eliana Relvas, coordenadora do GAC, as empresas procuram avaliações externas porque sabem que isso agrega mais credibilidade ao produto. "As empresas estão investindo cada vez mais nesse aspecto, a ponto de algumas adotarem como norma análises mensais de seus cafés. Elas estão preocupação em manter a qualidade de seus produtos", apontou. O controle também passa a ser sobre o sabor da bebida e não apenas sobre a qualidade dos grãos, e os laboratórios investem em equipamentos, contratam especialistas, degustadores e adotam tecnologia de ponta. "O GAC faz parte de um processo iniciado em 1996, que não acaba hoje", afirmou Nathan Herszkowicz, presidente do Sindicafé. Ele se refere ao Centro de Preparação de Café do sindicato, criado naquele ano para o treinamento de profissionais nas cafeterias e restaurantes e que acabou, segundo ele, se transformando em centro de referência para as torrefadoras, restaurantes, para a gastronomia e as casas de café. Em março de 2002, é constituído o GAC, com a formação de um grupo de especialistas orientado a trabalhar segundo as normas do programa de qualidade do governo estadual. O GAC recebe cerca de 15 amostras semanais, o que dá em média 60 amostras mensais. Desde o início efetivo dos trabalhos em março de 2002 já foram emitidos mais de 400 laudos de avaliação. É o primeiro laboratório de análise particular de café (o Ital é ligado ao governo estadual) a receber a ISO 9001-2000.

Embarque — A Colômbia registrou o embarque de 719.000 sacas em agosto, informou a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia. Esse volume é 11,67% menor que o verificado em agosto do ano passada, quando 814.000 sacas foram remetidas ao exterior. Entre o início da safra (outubro de 2002) e o final de agosto, o país embarcou um total de 9,734 milhões de sacas, contra 9,903 milhões de sacas do mesmo período do ano safra 2001/02, queda de 1,71%. A produção colombiana em agosto ficou em 661.000 sacas. Esse volume é 11,98% inferior ao registrado em agosto do ano passado, quando 751 mil sacas haviam sido produzidas. Nos 11 primeiros meses do atual ano safra, a produção do país sul-americano chegou a 10,917 milhões de sacas, total 2,28% menor que o aferido no ano safra anterior, 11,172 milhões de sacas.


Em destaque

* A Câmara Técnica de Café de Minas Gerais, ligada à Secretaria da Agricultura do Estado, teve nomeados, no diário oficial, os seus novos integrantes. Passam a fazer parte da Câmara, Antônio Wander Garcia, Ivan Franco Caixeta e Sérgio Pedini, ligados à delegacia federal de agricultura de Minas Gerais; Marcelo de Pádua Felipe, da Emater; João Nelson Gonçalves Rios, do Instituto Mineiro de Agropecuária; Antônio Alves Pereira, Antônio de Pádua Alvarenga, Paulo Tácio G. Guimarães e Glória Zélia Teixeira Caixeta, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais.

* O processamento de café nos Estados Unidos em 2003 atingiu, até o último dia 13 de setembro, a marca de 12,820 milhões de sacas. Esse volume é 0,43% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 12,765 milhões de sacas haviam sido processadas. Na semana encerrada em 13 de setembro, as torrefações norte-americanas efetuaram o processamento de 325 mil sacas.

Fonte: Coffee Break (www.coffeebreak.com.br)

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