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A alta do dólar e o agronegócio


Vinícius André de Oliveira
Diante da recente alta do dólar muitos empresários do meio rural têm comemorado o fato vislumbrando um futuro de boas perspectivas, principalmente para aqueles que obtêm suas receitas através da exportação.
Além do câmbio, existe também o fato de os estoques mundiais de algumas culturas estarem baixos como é o caso da soja, por exemplo. Isso contribui diretamente para que haja pressão nos preços. Mas até que ponto podemos realmente considerar esses fatores como formadores de um cenário positivo para os produtores?

Devemos, primeiramente, considerar alguns fatores antes de torcer para que o câmbio continue a bater recordes de alta. Alguns são até já muito conhecidos de quem vive no campo, como é o caso da maioria dos insumos utilizados na produção que possui origem estrangeira e que terão seus preços imediatamente afetados pela alta. Ilustrativamente, o Brasil importa mais de 90% do potássio utilizado na correção e manutenção da fertilidade do solo.
Segundo ponto a ser considerado quanto à alta dos insumos é o “efeito manada”.  Com receio de que a quebra desse ciclo seja tardia muitos produtores podem querer aumentar a quantidade comprada o que pode contribuir ainda mais para que os preços continuem a crescer, receio esse que faz sentido, pois, segundo alguns analistas, a moeda americana pode romper a barreira de R$2,50 muito brevemente. Outro fator que pode afetar a taxa de câmbio é a recuperação da economia americana, que faz com que o investidor sinta-se atraído e retire parte dos recursos do Brasil aplicando-os novamente nos Estados Unidos.
Entretanto, efeitos econômicos são sempre cíclicos e os preços tendem a se ajustar no médio prazo. O Banco Central também tem adotado medidas para atrair o valor do câmbio para baixo como a prática de leilões diários até o fim do ano.
Enquanto isso, podem surfar nessa onda do dólar alto não só os produtores que abastecem o mercado interno e já tinham realizado a colheita e estavam com estoques a vender, mas principalmente, os que produzem para exportação que na compensação dos preços poderão obter resultados acima da média em alguns casos.

Contudo, é sempre bom utilizar-se de boas ferramentas de gestão e cercar-se de boas informações para que se possa fazer uma avaliação completa da situação e não haja comemoração impulsiva considerando, nesse caso, a alta taxa de câmbio sempre como um benefício e ignorando outras questões importantes.

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