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A eleição de Obama e os negócios do Brasil


Eleri Hamer
Um conjunto de fatores levaram Obama à Casa Branca. De um lado o péssimo governo Bush Filho (tanto o primeiro como o segundo mandato), centrada na animosidade e truculência com que os EUA definiram a sua política externa associado a problemas estruturais.

De outro, alguns fatores internos relevantes como a própria crise econômica que vem se desencadeando desde o final do mandato Clinton, além da capacidade extraordinária da equipe de Obama em penetrar no tecido social americano, fazendo um resgate filosófico vital.

Fora a expectativa positiva, quais são os possíveis grandes impactos que a eleição do democrata Barack Obama pode desencadear para os negócios e o Brasil como um todo?

A eleição americana é importante para o Brasil, não somente em função de sua relevância como promotor do crescimento e sua influência política no cenário mundial, mas particularmente pelo que representa no intercâmbio comercial e no fluxo de capitais.

Em termos gerais, embora represente um mercado de destaque, o Brasil tem conseguido reduzir a importância direta dos EUA no comércio bilateral, principalmente a partir de 2001 quando desencadeou a ampliação dos mercados.

Como exemplos, o mercado americano representou em 2007, 15,6% do total de nossas exportações ante 25,5% em 2002. No agronegócio, por exemplo, em 2001 representava 15,3% das exportações e em 2007 significava 11%, com um volume de US$ 6,4 bilhões, de um total exportado de US$ 58,4 bilhões.

Analisando somente o comércio bilateral, em 2007 tivemos exportações de US$ 25,06 bilhões, ante US$ 18,72 bilhões de importações daquele país. Esses números nos concederam um superávit comercial com os EUA de US$ 6,34 bilhões, o que configura um importante parceiro comercial.

Do ponto de vista americano, o agronegócio representa apenas 8,5% do total exportado o que pode demonstrar menor importância relativa em termos de mercado, se comparado ao Brasil.

Desse modo, a ascensão de Barack Hussein Obama ao governo daquele país abre possibilidades de redução de barreiras tarifárias ou mesmo a queda de subsídios internos
podendo ser benéficas para nós. É lógico que esta idéia parece distante pois isso significa ainda aprovar as medidas no congresso americano.

Até o momento e de acordo com os primeiros movimentos do novo presidente, nomeando assessores e líderes de pastas importantes do próximo governo, pessoas ligadas ao mercado e com uma possível postura favorável ao livre mercado, pode significar uma expansão de mercado dos produtos brasileiros.

Numa espécie de possibilidade remota está o salvamento da Rodada de Doha da OMC, isso se as possibilidades antes aventadas se concretizem.

A justificativa está numa potencial maior abertura comercial americana que se desdobraria para os demais países ricos, controladores das discussões na OMC, beneficiando o Brasil e outros países em desenvolvimento.

Particularmente em relação a queda de tarifas, está praticamente descartada a redução delas para o etanol, que no Brasil tem como base a cana-de-açúcar e lá, o milho. O fato é que a eleição de Obama foi amplamente apoiada pelos produtores de milho dado que o republicano McCain já havia acenado com essa hipótese.

De prático, temos que considerar que em momentos de crise, como é o de agora, a tendência dos governos é desencadear uma política protecionista, o que pelo menos no curto prazo pode frustrar os mais otimistas em torno da possível abertura comercial.

Nestes termos, provavelmente as ações estarão centradas nas relações diplomáticas mais amigáveis e a possível redução de impostos para estimular o crescimento interno, o que melhora a competitividade das empresas americanas.

É esperar para ver.

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