Parnaíba, 12 de dezembro de 2007. A pecuária de corte constitui-se em uma atividade de grande importância para o Brasil, visto que o país detém o maior rebanho comercial de bovinos do mundo. Neste contexto, estima-se que as raças zebuínas representam cerca de 80% da composição genética do rebanho brasileiro, constituído por aproximadamente 160 milhões de cabeças.
Em conseqüência dos sistemas de criação estabelecidos desde a introdução dos bovinos no país, grande parte do rebanho brasileiro apresenta uma certa “tolerância” ao ambiente tropical, ou seja, uma adaptação com prejuízo na produtividade. Este aspecto pode ser comprovado ao se observar a reduzida taxa de desfrute do rebanho brasileiro, em decorrência dos baixos índices produtivos e reprodutivos de nossa pecuária. Desta forma, o melhoramento dos zebuínos para características de desenvolvimento ponderal e reprodutivo é uma necessidade iminente no incremento da competitividade da pecuária brasileira.
Em uma exploração de bovinos de corte deve-se considerar, em termos econômicos, o total de carne produzido/ano, o que está na dependência direta da eficiência reprodutiva e habilidade materna das matrizes, bem como da taxa de crescimento corporal dos animais. Logo, o sucesso reprodutivo é um ponto essencial para a eficiência econômica na produção bovina de corte. No entanto, características reprodutivas em pecuária de corte têm despertado pouco interesse em programas de avaliação genética, em decorrência, principalmente, da reduzida herdabilidade (h2) dos parâmetros reprodutivos quando comparados aos de crescimento.
Na busca do aumento da produtividade dos rebanhos, a contribuição das fêmeas é, em geral, avaliada por sua fertilidade, descrita através de características como idade ao primeiro parto (IPP), intervalo de partos (IDP), período de serviço (PS), número de serviços por concepção (NSC), período de gestação (PG), facilidade de parto e taxa de parição. Entretanto, considerando-se que a rentabilidade do sistema em pecuária de corte está relacionada ao peso do animal ao abate, uma boa matriz deve ser capaz de aliar desempenho reprodutivo e habilidade materna, tendo o seu valor econômico determinado pela maior sobrevivência e peso de suas crias ao desmame.
Neste sentido, um índice denominado produtividade acumulada (PAC), criado por Lobo e sua equipe em 2000, tem sido utilizado para o acompanhamento e avaliação da produtividade de fêmeas, em quilogramas de bezerros desmamados por ano. Este índice pode então, se empregado de forma sistemática, auxiliar os criadores a decidir, com maior acurácia, sobre o descarte ou intensificação de utilização de determinadas matrizes em seu rebanho.
A raça Nelore destaca-se como a principal raça de corte criada no Brasil, sendo, em decorrência disto, bastante estudada. Nas regiões Norte e Nordeste do país, no entanto, onde ocorrem limitações impostas pelo nível tecnológico e carência de alimentos, são escassas as pesquisas envolvendo esta raça, principalmente no que concerne à reprodução. Desta forma, as informações utilizadas nestas regiões são geradas, em sua maioria, no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, com dificuldade no estabelecimento de programas de seleção específicos para as regiões Norte e Nordeste.
Danielle Maria Machado Ribeiro Azevedo – Embrapa Meio-Norte
