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A pecuária de corte no Brasil: índices de produtividade


Danielle Maria Machado Ribeiro Azevêdo

Danielle Maria Machado Ribeiro Azevedo – Embrapa Meio-Norte

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Parnaíba, 13 de dezembro de 2007. Em gado de corte, para uma fêmea ser considerada “produtiva”, não basta que seja capaz de dar cria precocemente e com periodicidade. Ela precisa também “produzir” um bezerro pesado ao desmame e ainda, manter uma condição corporal compatível com o desencadeamento de uma nova gestação, a termo, no mais breve período de tempo possível.

Neste contexto, o desempenho dos rebanhos bovinos está diretamente relacionado com a eficiência reprodutiva das fêmeas. Apesar do reconhecimento deste fato, a eficiência de (re) produção das fêmeas apenas recentemente tem merecido destaque nos programas de melhoramento como critério de seleção de vacas em um rebanho. Uma causa provável deste fato talvez seja a dificuldade em definir e caracterizar eficiência reprodutiva, e daí produtiva, das fêmeas, visto que, além de envolver todas as fases da vida do animal, este parâmetro sofre grande influência do ambiente.

Apesar desta complexidade, algumas características têm sido utilizadas para avaliá-la, como o número de crias, o intervalo médio de partos, o número de serviços por concepção, a idade à primeira parição, a duração da gestação, dentre outras.

Na literatura existem diversas fórmulas para avaliar a eficiência reprodutiva de fêmeas em gado de corte, sendo a fertilidade medida, geralmente, considerando-se o número de partos e o número de dias entre o primeiro e o parto subseqüente (ou o último). Na realidade, esta avaliação deve ser efetuada por meio de índices que tentem reunir, em uma única expressão, as características que melhor definem a eficiência produtiva das vacas.

Diferentes metodologias foram utilizadas para avaliação da produtividade das vacas, destacando-se entre elas: 1. peso do bezerro ao desmame; 2. razão do peso do bezerro e peso metabólico da vaca; 3. a razão do peso do bezerro e peso da vaca; 4. a análise conjunta do peso do bezerro ao desmame e a taxa de prenhez da vaca.

Em 1990, Lôbo e colaboradores propuseram uma maneira mais simples de avaliação da fertilidade de fêmeas. Considerando que a comercialização dos animais na bovinocultura de corte geralmente acontece após o desmame, esses autores criaram um índice incluindo a fertilidade da matriz, sua habilidade materna e a sobrevivência da cria até o desmame. Este índice, denominado fertilidade real (FR), é expresso em quilogramas de bezerro desmamado por ano, corrigido por um fator que relaciona o intervalo de partos ideal de 365 dias com o obtido pela matriz. A fórmula para cálculo da fertilidade real é: FR = PBD x 365/ IDP, onde PBD = peso do bezerro desmamado (em kg); IDP = intervalo de partos; 365 = representa o índice em base anual.

A FR tem como principais vantagens a praticidade de interpretação, servindo como indicador econômico acessível ao produtor e a abrangência da atividade reprodutiva e habilidade materna da matriz. Ao se trabalhar com primíparas (ou seja, novilhas de primeira cria) a informação se enriquece premiando a precocidade, em função de se permutar o fator de correção de peso por uma relação entre a idade ao primeiro parto média das contemporâneas e a idade ao primeiro parto da fêmea em questão.

Quando é utilizada estação de monta no manejo reprodutivo do rebanho, a fórmula da FR sofre uma modificação, sendo o valor relativo ao intervalo de partos substituído pelo número de dias de parição. O número de dias de parição corresponde ao período que vai da entrada do animal na estação de monta até a parição. Esta alteração deve ser feita para não beneficiar equivocadamente matrizes que venham a parir no fim da estação de parição do primeiro ano (por terem atrasado a concepção na estação anterior) e no início da estação no segundo ano. O uso do número de dias de parição favorece os animais mais regulares dentro das estações de monta.

Mais recentemente um novo índice, a produtividade acumulada ou PAC, passou a ser utilizado para avaliação da fertilidade de rebanhos. A PAC é um índice que indica a produtividade da fêmea, em kg de bezerros desmamados por ano. Mede a capacidade do animal em se reproduzir regularmente, a uma menor idade, e de desmamar crias com maior peso.

Este novo índice, assim como a fertilidade real, também foi elaborado pela equipe de Lôbo e colaboradores, no Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN), no Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). O índice é calculado através da seguinte fórmula: PAC  =   (Pd x np x ca) / (IVPn  - ci), em que Pd  = média do peso dos bezerros à desmama; np  = número total de bezerros produzidos; ca   = constante, igual a 365 dias, que permite expressar a fertilidade em base anual; IVPn = idade da vaca por ocasião do último parto; ci = constante, igual a 550 dias, aproximadamente 18 meses, utilizada tendo-se em vista a expectativa do primeiro parto ocorrer ao redor de 30 meses de idade, como meta do PMGRN.

Touros com maiores DEP (Diferença Esperada na Progênie) para produtividade acumulada devem ser utilizados, pois o criador estará selecionando para a habilidade maternal, fertilidade e precocidade sexual.  Assim, considerando a importância da eficiência reprodutiva na produtividade de um rebanho, a utilização dos índices na propriedade poderá ocasionar uma maior lucratividade ao produtor.

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