CI

Ano Internacional das Leguminosas


Amélio Dall’Agnol
Em 10 de novembro de 2015, a FAO/ONU lançou o ano de 2016 como o Ano das Leguminosas, com o tema: "Sementes Nutritivas para um Futuro Sustentável". O objetivo da iniciativa é promover a produção e o consumo dos grãos proteicos produzidos pelos legumes dessas plantas, importantes para a segurança alimentar de populações pobres de países em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, para quem a proteína animal é pouco acessível por causa do seu alto preço. As leguminosas fornecem a melhor fonte de proteína concentrada do reino vegetal, sendo um importante componente da alimentação saudável e nutritiva, porque têm pouca gordura, não contêm colesterol e têm uma significativa quantidade de fibra. 
As leguminosas fizeram e fazem parte da história das civilizações. O feijão, juntamente com o milho, foi a base da alimentação primitiva dos ameríndios (incas, astecas e maias). A lentilha, por sua vez, é considerada a mais antiga leguminosa consumida pelos povos do Mediterrâneo, enquanto a soja é um alimento de base muito antigo dos povos do oriente asiático. 
Uma característica típica dessa família de plantas é seu fruto tipo legume, também conhecido como vagem (há exceções), dentro das quais se desenvolvem grãos com elevado teor de proteínas e fibras. As leguminosas deveriam integrar o cardápio saudável de qualquer cidadão, por ser, além de importante fonte de proteínas, alimento rico em carboidratos complexos, vitaminas do complexo B, minerais como potássio, fósforo, magnésio, zinco, ferro, cálcio e contêm pouco sódio. 
Junto com os cereais integrais, as leguminosas formam um prato completo, pois contêm todos os aminoácidos necessários para o correto funcionamento do nosso organismo. Como os aminoácidos das leguminosas são diferentes dos presentes nos cereais, juntos eles constituem uma proteína completa, daí a importância nutricional da combinação 'arroz com feijão', o prato tradicional do brasileiro. 
Podemos, também, encontrar nas leguminosas - principalmente na soja - as isoflavonas, substância antioxidante que, como revelam alguns estudos, podem reduzir os níveis de colesterol, diminuir o risco de doenças cardiovasculares e equilibrar o hormônio feminino estrógeno, minimizando os sintomas da menopausa.
A soja é a principal leguminosa do mundo, seja por causa do seu elevado teor em proteína (cerca de 40%), seja pela quantidade de grãos produzidos globalmente (320 milhões de toneladas, em 2015). Mas, diferentemente das demais leguminosas, a soja é pouco consumida diretamente pelos humanos, principalmente os ocidentais, servindo como o principal ingrediente proteico na formulação de rações para alimentação de animais domésticos (suínos e aves, principalmente) que convertem a proteína vegetal da soja, em proteína animal (carne, leite, ovos).
A família das leguminosas é a terceira maior família botânica, compreendendo 727 gêneros e 19.325 espécies, ocorrentes em quase todas as regiões do Planeta, excetuando-se os polos sul e norte e algumas ilhas. No Brasil ocorrem cerca de 220 gêneros e 2.736 espécies, mas apenas 12 espécies constituem-se em culturas importantes, dentre as quais se destacam a soja, o feijão, a lentilha, a ervilha, o grão de bico e o amendoim. Inclui, também, forrageiras como a alfafa e o trevo ou árvores como o pau-brasil, o jequitibá e o pau ferro. A propósito, a família 
das leguminosas é considerada a de maior riqueza em espécies arbóreas nas florestas neotropicais.
As plantas dessa família são as mais utilizadas na arborização urbana no Brasil, com destaque para o flamboyant, a pata-de-vaca e a tipuana. As leguminosas são, também, importantes na indústria madeireira, com espécies como o jacarandá, o jatobá, o angelim, a sucupira e a cerejeira. 
Apesar das suas múltiplas utilidades, é sua riqueza em proteínas onde reside o grande valor das leguminosas, cujo nitrogênio necessário para a produção das mesmas é capturado diretamente do ar pela simbiose de suas raízes com bactérias do gênero Rhizobium e semelhantes, uma característica ecológica de extrema importância pois dispensa o uso de nitrogênio mineral, que é caro e polui o ambiente.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.