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Arranjo de plantas no cultivo da soja


Amélio Dall’Agnol
A distância das plantas dentro da linha e do espaçamento entre as linhas podem reduzir ou aumentar o rendimento da soja. A melhor distribuição das plantas no campo é influenciada pela cultivar, pela época de semeadura e, também, depende das condições edafoclimáticas do local. Via de regra, a distribuição uniforme de cerca de 300.000 sementes/ha em fileiras simples espaçadas por 0,45m, constitui-se na mais tradicional maneira de se implantar uma lavoura de soja no Brasil. 
Tentativas de inovar esse sistema semeando a soja em linhas com distâncias menores (0,20 ou 0,30m) ou maiores (0,70 ou 0,80), em fileiras simples ou duplas, cruzadas ou convencionais, foram testadas pela pesquisa e por agricultores pioneiros, mas não resultaram em vantagens significativas que justificassem o esforço extra.
Estudos da Embrapa Soja comprovaram que, com raras exceções, não há diferenças significativas na produtividade de lavouras de soja com populações de plantas variando desde 150.000 até 500.000/ha, distribuídas uniformemente em espaçamentos entre as fileiras variando desde 0,20 até 0,60m. A distribuição equidistante das plantas no espaço produtivo é indispensável para um melhor aproveitamento dos fatores ambientais como a luz solar, a água do solo e os nutrientes. Da mesma forma, os estudos indicaram não haver aumento no rendimento da soja quando semeada em fileiras simples ou duplas, cruzadas ou convencionais.
Portanto, tendo segurança quanto à qualidade da semente utilizada na semeadura (vigor e poder germinativo elevados), não há razões para usar uma quantidade de sementes além do indicado pelos obtentores da cultivar. Densidade de plantas superior à recomendada não proporciona acréscimos no rendimento, mas acarreta aumento nos gastos com sementes e com o seu tratamento químico, além de aumentar a probabilidade de acamamento de plantas em cultivares propensas a esse inconveniente. Também, espaçamentos reduzidos com populações exageradas de plantas podem promover maior mobilização do solo, maior compactação (mormente na semeadura cruzada) e desfavorecer a distribuição dos agrotóxicos na parte mediana e inferior do dossel, pelo excessivo bloqueio imposto pela quantidade de folhas. 
A depender do nível da infestação, densidades elevadas de plantas de soja podem favorecer o controle das plantas daninhas, assim como pode beneficiar o rendimento de grãos em cultivares que apresentam ciclo curto (até 110 dias entre a semeadura e a colheita) e são semeadas no cedo, pois nessa circunstância o crescimento das plantas de soja é pouco vigoroso. Por outro lado, espaçamentos amplos (0,70 a 0,80 m) entre fileiras simples ou duplas favorecem a proliferação das invasoras, mas facilitam o trânsito de máquinas e equipamentos para a realização dos tratos culturais.
A depender da densidade, uma planta de soja pode produzir desde apenas algumas sementes - em densidades de plantas elevada - até mais de mil sementes por planta, quando muito isoladas. A grande plasticidade que caracteriza uma planta de soja a torna capaz de compensar com mais estruturas reprodutivas e/ou com grãos mais graúdos as plantas mais isoladas, em contraste com a falta de plasticidade da cultura do milho, por exemplo, cujas plantas, na maioria das cultivares comerciais, são limitadas a desenvolver no máximo duas espigas. 

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