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As parasitoses que acometem bovinos leiteiros no meio-norte do Brasil. Parte 2 - O carrapato


Danielle Maria Machado Ribeiro Azevêdo

Como vimos no texto As principais parasitoses que acometem bovinos leiteiros no Brasil: Parte 1 – Conseqüências sobre o bem-estar animal, o parasitismo pode ser externo (ectoparasitismo), como aquele exercido por carrapatos, ou interno (endoparasitismo), como o exercido pelos vermes. Dentre os ectoparasitas, o carrapato destaca-se mundialmente, sendo o Boophilus microplus o principal a infestar os bovinos no Brasil. Aqui ele encontra condições de calor e umidade favoráveis à sua sobrevivência.

O prejuízo provocado pelos carrapatos aos bovinos de leite ocorre de várias maneiras e é geralmente causado pelas fêmeas adultas prenhes (as teleóginas), já que as larvas e os machos são de tamanho bem inferior. Este prejuízo deve-se basicamente ao desconforto provocado pelos parasitos impedindo o pastejo tranqüilo, a retirada constante de sangue, a transmissão dos agentes causadores da "tristeza parasitária" (ver Parte 5) e aos gastos com medicamentos e mão-de-obra.

O carrapato tem duas fases de vida bem distintas: a fase de vida livre (quando está na pastagem) e a fase de vida parasitária (quando está ¨vivendo¨ no bovino). A população de carrapatos em um rebanho está distribuída, aproximadamente 95% na pastagem e apenas 5% parasitando os animais. Desta forma podemos observar que estamos agindo de maneira ineficaz quando nos preocupamos apenas em aplicar produtos carrapaticidas para acabar com o carrapato no animal. Outro problema que contribui para a ineficiência do combate ao carrapato é a aplicação de forma incorreta e/ou dosagem inadequada do carrapaticida, podendo causar "resistência" dos carrapatos ao produto químico utilizado.

O princípio básico para retardar o aparecimento da "resistência" é o bom senso na freqüência de utilização do produto carrapaticida, que deve considerar as características do rebanho e da pastagem, e as épocas mais adequadas ao combate do parasito.

O controle do carrapato deve ser realizado nas épocas mais quentes do ano, pois em temperaturas mais altas embora os carrapatos morram mais rápido também proliferam mais rapidamente. Devem ser aplicados cinco ou seis banhos carrapaticidas, em intervalos de 21 dias, ou três tratamentos com produto ¨pour on¨ (no fio do lombo) em intervalo de 30 dias.

Após esta série de aplicações estratégicas, o número de carrapatos nos bovinos se manterá baixo até as épocas de temperaturas mais amenas e início das chuvas, quando tenderá a aumentar. Não devem ser realizados novos banhos carrapaticidas, a não ser que a infestação aumente muito. Nos bezerros que nascem após as aplicações o contato com um pequeno número de carrapatos, pode propiciar o desenvolvimento de imunidade contra os agentes da "tristeza parasitária". Algumas observações que podem auxiliar no controle do carrapato são:

- Em qualquer rebanho existem animais que são mais sensíveis aos carrapatos (os conhecidos ¨animais de sangue doce¨) e estes animais podem agir como um reservatório de fêmeas que vão infestar os pastos com grande quantidade de ovos. Logo, devemos ter cuidado maior com esses animais, tratando-os mais intensamente ou descartando-os;

- Pastagens altas ou aquelas de folha larga ou recobertas por pelos permitem uma melhor sobrevivência dos carrapatos. Então, a rotação ou vedação dessas pastagens por períodos superiores a trinta dias, faz com que grande parte das larvas morra de fome por não encontrar bovinos para se alimentar.

Em relação à aplicação do tratamento carrapaticida, devemos ter o cuidado de evitar as horas mais quentes do dia e os dias chuvosos. Em caso de utilização de aspersão, os animais devem ser tratados individualmente, molhando-se completamente o animal e não apenas onde estamos vendo os carrapatos. A pessoa que aplica o produto deve usar luvas, máscara de proteção, macacão e botas, pois os produtos utilizados no combate ao carrapato são tóxicos.

Os produtos mais utilizados são aqueles a base de formamidinas, piretróides e avermectinas. É importante mudar o princípio do medicamento a cada ano e respeitar as recomendações do fabricante de cada carrapaticida.

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