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Banco: um bom negócio?


Vinícius André de Oliveira
Quem já não pensou, em algum momento, em abrir um negócio? Algo me leva a crer que a maioria das pessoas. O problema consiste em escolher o mais rentável e lucrativo e que ofereça baixo risco. Nesse contexto, sempre me intrigou a imensa capacidade que as instituições financeiras, especialmente, as empresas privadas e brasileiras têm de manter uma linearidade ascendente dos seus lucros.
Exemplos disso são os dois maiores bancos privados do país. Itaú e Bradesco lucraram juntos R$35 bilhões em 2014, R$20,24 bilhões e R$15,08 bilhões, respectivamente, e em média a variação de crescimento do lucro de um ano para o outro foi de 27%. O ano de 2015 no Brasil promete ser difícil. Um ano de ajuste fiscal, aperto da política monetária, crise na Petrobrás, índice de desemprego maior, retração do crédito, diminuição de limites e prazos para financiamentos, portanto, um período de inépcia para todos os setores inclusive o bancário, correto? Não é bem a expectativa dos bancos. Segundo declarações, o banco Itaú espera um crescimento da carteira de crédito de 3% a 7%. O saldo de empréstimos para pessoa física já obteve expansão anual de 11,3% e de 10,7% para pessoa jurídica. Além disso, o banco possui cerca de 25% dos empréstimos em moeda estrangeira o que vem contribuindo muito com o lucro visto que o câmbio se mantém elevado.
Mas qual o segredo de tantos números positivos mesmo em períodos de crises? Existem vários motivos e separei os que acho mais relevantes: primeiro, praticamente todas as pessoas necessitam de uma conta bancária para fazer suas movimentações financeiras e embora isso seja realidade no Brasil há ainda muitas pessoas que não possuem conta, o que possibilita uma expansão. Segundo, a maior parte do lucro não tem origem no crédito, que é mais sensível às oscilações macroeconômicas.  Para se ter uma ideia, 30% vem de seguros, previdência e capitalização e 70% do lucro financeiro é proveniente da taxa de administração de cartões de crédito e tarifas bancárias, que sofrem aumento mesmo em tempos difíceis para a economia. E em terceiro lugar, a relação que os bancos tem com a Taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, é compensatória. Se de um lado o aumento da Selic encarece o crédito por outro os bancos investem em títulos públicos indexados à taxa e obtêm retornos maiores.
Além disso, obviamente existe a competência na gestão com o controle da inadimplência, a busca da manutenção do alto índice de eficiência – relação entre as despesas administrativas e pessoal com o retorno operacional, e investimentos em tecnologia aumentando o número de transações feitas via internet e que representam apenas 5% do custo de uma transação feita na agência segundo o Diretor de RI do Bradesco, Luiz Carlos Angelotti. 
Diante de todos esses fatos, e mesmo passando por um período de retração da economia, os bancos conseguem dar exemplo de como manter a lucratividade seja por via natural do ramo ou por extrema competência e que me leva - com certa ironia - a concluir o óbvio: banco é um ótimo negócio. 
    

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