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BEM-ESTAR ANIMAL: um desafio à produção de leite


Danielle Maria Machado Ribeiro Azevêdo

 

 

Parnaíba, PI, 06/12/2006 - O bem-estar animal (animal welfare) ao mesmo tempo em que está sendo amplamente divulgado na mídia nestes novos tempos de consciência ecológica, é muito pouco conhecido e, menos ainda, aceito, principalmente no que tange a animais de produção, quando nem sempre os interesses do homem são compatíveis com o bem-estar dos animais.

Em diversos países, principalmente da Comunidade Européia, o valor de produtos originados de animais criados em condições de bem-estar atinge preços diferenciados e a sociedade está demandando regulamentações que melhorem a qualidade de vida dos animais de produção.  O Brasil, com sua grande extensão territorial e a conseqüente possibilidade de criação de animais em um "estado mais próximo ao natural" é um potencial exportador de produtos dentro dos padrões internacionais de bem-estar.

O bem-estar animal é assunto bastante complexo e ainda pouco caracterizado no que diz respeito às possíveis soluções que atendam tanto a produtividade, finalidade do homem para sua própria sobrevivência, quanto o real bem-estar do animal.

Em relação à bovinocultura de leite percebe-se uma grande transformação decorrente da nova realidade mundial e, consequentemente, da necessidade de adoção de novas tecnologias visando o aumento da produtividade. Neste contexto, os novos modelos de desenvolvimento da pecuária leiteira são caracterizados por sistemas altamente intensivos, com a utilização de animais de raças especializadas, de alto potencial genético para produção de leite e, consequentemente, com metabolismo elevado, o que exige um bom manejo reprodutivo, sanitário e nutricional. Em adição, as exigências em conforto e bem-estar animal também são maiores.

Nas regiões tropicais, um dos principais fatores, talvez o principal, a ser considerado para garantir o conforto e o bem-estar da vaca leiteira é minimizar os efeitos do clima, o que significa reduzir os efeitos do estresse térmico por calor.

Os principais efeitos do estresse por calor sobre a vaca leiteira são a redução na ingestão de alimentos, o aumento no consumo de água, a procura por sombra e a redução em seus movimentos, o que por sua vez diminui o pastejo e também a manifestação comportamental de cio. Logo, o estresse por calor afeta tanto a sanidade do rebanho, na medida em que debilita o sistema imunológico por deficiência na ingestão de nutrientes, quanto seus aspectos reprodutivos e produtivos.

Alguns produtores de leite, já conscientes deste fato, têm procurado debelar os efeitos negativos do clima com a modificação no manejo de seus animais e, também, investindo em instalações mais adequadas ao clima tropical. Dentre as principais medidas tomadas pelos produtores está a instalação de mecanismos que propiciem um microclima apropriado à produção leiteira (aspersores, ventiladores, nebulizadores), o que pode onerar os custos de produção em decorrência do investimento inicial alto.

Medidas mais simples como a conservação de algumas árvores na pastagem para propiciar o sombreamento nas horas mais quentes do dia e a possibilidade do pastejo noturno, podem ser utilizadas para reduzir o estresse climático nos animais e, consequentemente para aumentar a produtividade dos mesmos, sem custos tão elevados para o produtor.

Desta forma, percebe-se que o bem-estar animal é um desafio à produção de bovinos leiteiros. Felizmente, pesquisadores, técnicos e produtores rurais estão se tornando conscientes da nova realidade a ser enfrentada e, também, da necessidade de propiciar aos animais um maior conforto, o que no final, equivalerá a uma maior produtividade. 

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