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Capim Italiano ou Sorgo Forrageiro? Semeie em Mais de uma Época e Tenha Melhor Distribuição Temporal de Forragem


Renato Serena Fontaneli

O capim italiano ou milheto e o sorgo forrageiro são forrageiras anuais de verão, de crescimento rápido e bom valor nutritivo. Essas forrageiras são semeadas em áreas que foram utilizadas durante a estação fria com pastagens e são alternativas excelentes para rotação com a soja. Ocasionalmente, estas espécies podem ser semeadas em renovação de pastagens perenes degradadas. Apesar do custo relativamente elevado de estabelecimento, são lucrativas como pastagens suplementares para as classes animais mais exigentes como: novilhas, novilhos em engorda intensiva e vacas em lactação. Além de pastejo por bovinos e ovinos, pode ser colhida verde para forragear animais confinados, para feno ou silagem.

A forma mais econômica de produção de carne e leite é a exploração em pastagem. Os ruminantes são os melhores conversores de fibra (celulose e hemicelulose) em energia digestível. Essa digestão é feita com o auxílio de milhões de microorganismos que vivem no rúmen de bovinos. Os microorganismos do rúmen além da digestão dos constituintes da parede celular, fermentam açúcares em ácidos graxos voláteis, utilizam nitrogênio não protéico (uréia) e sintetizam vitaminas (Complexo B).

O homem e os suínos, monogástricos, não têm enzimas capazes de digerir a celulose. Por outro lado, alimentos ricos em carboidratos não estruturais, como o amido e os açúcares são melhor aproveitados por não ruminantes e aves. Exemplificando, nos dias atuais pode-se produzir 1 kg de frango ou 1 kg de suíno com menos de 2 kg de ração, enquanto para ser produzida 1 kg de carne vermelha necessita-se de 5 kg de ração ou mais. Portanto, para reduzir o custo de produção de leite e outros derivados de ruminantes, deve-se usar o máximo possível de alimentos vindo das plantas forrageiras.

Quando possível, planeje junto com a assistência técnica e com o apoio dos órgãos de pesquisa (como Embrapa e Universidades) as pastagens para produzir o ano todo. Nesse processo, deve-se buscar quantidade de forragem com elevado valor nutritivo, ou seja alta eficiência produtiva traduzida em máximo ganho líquido por área.

O planejamento forrageiro para vacas de leite em nossa região inclui, normalmente, o capim italiano e os sorgos. As duas são forrageiras de máxima eficiência produtiva durante a primavera e verão, mas de ciclo produtivo curto, podendo resumir-se a 2 a 3,5 meses de pastejo dependendo da época de semeadura, fertilizações e do manejo. O recomendado é iniciar o pastejo quando as plantas atingem entre 60 e 80 cm e retirá-los da área quando as plantas atingirem 15 cm de altura em relação a superfície do solo (altura de resteva). Os sorgos devem, obrigatoriamente, serem pastejados com altura superior a 50 cm, pois se pastejadas quando muito jovens, altura de planta inferior a 50 cm, podem ser tóxicas. Os sorgos têm graus variados de concentração de "durrina", alcalóide nitrogenado, precursor do ácido cianídrido, que pode ser letal aos animais. Assim sendo, o pastoreio rotativo, com alta carga animal (lotação alta) e curtos períodos, se possível um dia de utilização e descanso suficiente para a planta rebrotar rapidamente, que quando bem fertilizado e com boa disponibilidade hídrica, pode significar pastejo a cada 3 semanas. Portanto, milheto e sorgo têm o mesmo manejo e podem permitir vários pastejos, de 3 a mais de 5, na estação de crescimento.

Quais a vantagens de semear em mais de uma época?

A semeadura dessas gramíneas de estação quente pode iniciar em setembro (quando a temperatura do solo for superior a 150C) e pode estender-se até meados do verão, quando visa-se produzir forragem para cobrir o vazio forrageiro outonal (abril-maio), pois nesse período as forrageiras de estação quente apresentam baixo valor nutritivo e as de estação fria ainda estão sendo estabelecidas. Em Passo Fundo, Rio Grande do Sul, sorgos e milheto Comum semeados no final de fevereiro de 2001, produziram 6,0 t MS/ha, forragem de bom valor nutritivo, com 17,8% de proteína bruta (PB), 60% de nutrientes digestíveis totais (NDT), 40% de fibra em detergente ácido (FDA) e 60% de fibra detergente em detergente neutro (FDN). Entretanto, quanto mais cedo na primavera for possível estabelecer com sucesso as forrageiras anuais de verão maior será a quantidade potencial de forragem produzida, mas concentrada no final de primavera e início de verão. Sorgos e milheto semeados cedo, com reduzida quantidade de fertilizantes, especialmente pouco nitrogênio, completam o ciclo produtivo cedo no verão, em muitos anos em fins de janeiro a meados de fevereiro, porém quando semeia-se parte da área cedo e após, a cada 3 a 4 semanas de intervalo, é possível distribuir melhor a forragem produzida, principalmente com melhor valor nutritivo. Pode-se dispor de forragem de milheto e ou de sorgos até o advento das primeiras geadas.

Qual das espécies é melhor?

As duas são ótimas forrageiras se bem estabelecidas e manejadas. O sorgo por possuir sementes maiores é de estabelecimento mais fácil do que o milheto e pode apresentar melhor crescimento no outono, embora seja pouca forragem produzida nessa época, é estrategicamente importante. O milheto, que possui semente menores, normalmente de menor valor cultural, é muito adaptado na região, perfilha mais e pode apresentar custo menor de estabelecimento. As duas espécies preferem solos bem drenados, mas o sorgo tolera mais a umidade. O milheto é mais tolerante à seca e, também, à acidez do solo.

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