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Código Florestal: consequências da imbecilidade...


Richard Jakubaszko
Como alguém notoriamente sábio já falou (será que foi o Barão de Itararé?), "as consequências surgem depois". Olha só a imbecilidade: o Código Florestal deve ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff a qualquer momento. Contenha ou não vetos, no momento isto não é o mais importante, terão de ser protegidas e devidamente cercadas as margens de rios para efeito de APPs. Algum gaiato burocrata que gosta de estatística, me alerta lá de Brasília o colega jornalista Tito Matos, andou calculando que temos, no Brasil, cerca de 1.380.000 km de rios, riachos e córregos que deverão ser cercados dos dois lados, ou seja, serão 2 milhões e 760 mil km de cercas.
Pensei com meus fervorosos neurônios: vai faltar mourão, arame, e não vai ter dinheiro para toda essa imbecilidade!
Se não, vejamos: considerando que um mourão esticador deve ser instalado a cada 100 ou 140 metros de distância, e que a cada 4 ou 5 m tem de colocar uma lasca (os mourões menores), teremos a necessidade, por baixo, de 27 milhões de mourões esticadores e 100 milhões de lascas, mais 5 milhões e 520 mil km de arames, considerando que sejam apenas dois fios de arame...
Se a gente calcular que cada mourão esticador feito de eucalipto custa R$ 45,00 e cada lasca idem custa R$ 13,00 já temos uma conta salgada, nacional, superior a R$ 18 bilhões de reais sem considerar os custos com arame e mão de obra. Ai, ai, ai, quem vai pagar essa conta? O produtor rural, é claro, que já foi devidamente confiscado em 20% de sua área de terras...

Quem vibra com isso? Os fabricantes de arame, e, claro, os vendedores de mourões. A situação piora se a gente sabe que, faltando mourão de eucalipto (que dura no máximo 10 anos), teremos de usar mourão de aroeira, e estes custam R$ 120,00 o esticador e R$ 38,00 cada lasca, mas duram 100 anos se a madeira for tratada. Restam os mourões de concreto, que custam R$ 22,00 cada um equivalente a lasca, ou os mourões de plástico, que já existem, custam menos, e amanhã mesmo acho que vou até o BNDES me inscrever para conseguir um financiamento e instalar uma fábrica de mourões de plástico...

Esperando ansioso a sanção presidencial está o amigo Claudemir, da Madeireira Aroeira, lá de São José do Rio Preto, que me forneceu os preços dos mourões. Ele vende mourões de eucalipto e de aroeira, estes vindos da Bolívia, todos certificados, pois o Brasil não possui mais aroeiras. Concluí de nossa conversa que vamos exterminar as aroeiras da parte amazônica bolivariana...

Tudo isso me leva a pensar sobre a imbecilidade ambiental inconsequente que se observa hoje em dia, os biodesagradáveis preocupados com a flatulência bovina esquecem da própria flatulência, são tão politicamente corretos que nem peidam. Por isso é que não se deve tentar segurar a natureza, pois quando a gente segura um petardo gasoso este pode entrar pela coluna cervical, sobe ao cérebro e daí nascem as ideias de merda, tipo esse Código Florestal, excrescência máxima do servilismo brasileiro, aprovado com sorrisos irônicos indisfarçados da comunidade internacional.

Será que o Código Florestal já se candidata a ser mais uma dessas leis nacionais que nunca pegam? O tempo dirá...

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