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A ameaça Chinesa



Argemiro Luís Brum
A  China  está  ameaçada  de  viver  um  aquecimento  econômico demasiado forte, gerador de riscos que poderão se espalhar pelo mundo  afora  a  ponto  de  causar  uma  nova  crise  internacional.
Dentre  os  principais  riscos  estão  as  bolhas  de  crédito  e  a excessiva  capacidade  industrial.    Efetivamente,  em  termos anualizados, o PIB da China cresceu 8,9% no terceiro trimestre de 2009, após 7,9% no  segundo  trimestre e 6,1% no primeiro. Para  um  ano  de  forte  crise mundial,  a  performance  está além das  expectativas  iniciais,  que  eram  de  um  crescimento  de  8% neste  ano.
Assim  como  no  Brasil  e  outros  países,  tal recuperação  econômica  não  se  deu  pela  via  das exportações  e sim  pela  elevada  expansão  do  crédito  bancário  e  dos investimentos  públicos,  levando  a  um  aumento  importante  do consumo  interno. O  plano  econômico  assim  gerado,  ainda  no final  de  2008,  pretende  colocar  no  mercado  local aproximadamente R$ 1,006  trilhão em dois anos. Isso equivale a 13% do PIB do país. Embora, no curto prazo, o plano tenha se mostrado eficaz, o mesmo  traz grandes preocupações junto aos especialistas da economia mundial. Há um forte risco de bolhas gigantes  e  o  surgimento  de  desequilíbrios  econômicos importantes.
Afinal,  os  bancos  chineses,  obrigados  que  foram pelo  Estado  a  financiar  grandes  projetos  de  infraestrutura, colocaram  no  mercado  cerca  de  R$  2,18  trilhões  nos  nove primeiros  meses  deste  ano.  Ou  seja,  75%  acima  do disponibilizado  em  todo  o  ano  de  2008.  Hoje,  os  próprios economistas  da  comissão  de  regulação  bancária  da  China  se
mostram  preocupados  com  a  solução  adotada  para  combater  a crise.
A mesma está sendo chamada de “empurrar de barriga” o problema, gerando uma bola de neve  incontrolável. Em  suma, os bancos emprestaram sem nenhuma garantia. 
A ameaça Chinesa (II)
Por outro lado, a dívida pública chinesa, que alcança um quarto do  PIB  do  país,  estaria  subestimada.  Para  alguns  economistas chineses  a  China  não  deveria  ter  medo  de  diminuir moderadamente  o  seu  ritmo  de  crescimento.  Afinal,  o crescimento repentino provocado para evitar a redução do ritmo gerou  bolhas  especulativas  nos  mercados  acionários  e imobiliários  a  ponto  de  deixar  os  agentes  econômicos  do  país inquietos  quanto  ao  futuro. 
Para  o  presidente  do  maior  banco privado chinês, Sr. Qin Xiao, a China precisa de mercados mais livres  e  não  de mais  controle  estatal  para  sair  de  tal  situação. Paralelamente,  as  pequenas  e médias  empresas  locais,  voltadas preferencialmente para as exportações, e que formam o cerne do setor  privado,  estão  acusando  o  impacto  da  política  atual  da China.
Os  grupos  estatais  prosperam  de  qualquer  jeito,  junto  a setores  onde  as  necessidades  reais  da  economia  não  são muito importantes.  Os  governos  locais  concentraram  investimentos onde  era  mais  fácil  e  lucrativo.  Com  isso  está  sobrando produção! 
A  indústria  naval,  por  exemplo,  deve  dobrar  sua produção  em  dois  anos.  Outras  58  milhões  de  toneladas  de capacidade  de  produção  de  aço  estão  em  construção  sem autorização. Na área do cimento, a capacidade  industrial supera em 300 milhões de  toneladas  a demanda  existente  (equivalente ao  consumo  anual da  Índia, EUA  e  Japão  somado)  e mais 200 novas  linhas de produção estão ainda em construção. Quem  irá consumir  todo esse cimento?
A economia chinesa estando pelas empresas públicas, a expansão de sua produção tem se dado sem controle e planejamento. Nestas condições, o país tenta remediar a  situação,  tendo  como  pano  de  fundo  a  possibilidade  concreta  de  um  estouro  das  bolhas  produtivas  existentes,  paralisando o país e mesmo o conjunto da economia global.
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