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A PECUÁRIA NO RIO GRANDE DO SUL


Mario Hamilton Villela

A exploração pecuária rio-grandense tem contribuído, significativamente, para o desenvolvimento do Estado, apesar das dificuldades econômicas e das incertezas do clima gaúcho.

Foi, sem dúvida, pela pecuária que se iniciou a exploração do setor primário na economia rio-grandense. Este pioneirismo começou com as raças européias, que tanto destaque deram-lhe no País. Esta pujança consagrou a atividade, sendo, hoje, cognominada a “Cabanha do Brasil”, com respeitabilidade internacional, considerando-se a expressão que representa no cenário nacional e mundial a nossa Expointer.

A pecuária se fixou, cresceu e se projetou, geralmente, nas regiões menos localizadas do Estado, mais distantes da Capital e mais carentes de infra-estrutura, aonde a falta de estradas e de energia elétrica eram fatores de estrangulamento para o processo produtivo. Consolidou-se, apesar destas agruras, das peculiaridades agroclimáticas e econômicas, graças à capacidade administrativa do proprietário rural. Ele, embora as adversidades mencionadas, procurou dar a sua propriedade a melhor destinação e o uso mais adequado, o que significava, efetivamente, em áreas próprias, predestiná-las à pecuária. O pecuarista lutou sempre com problemas de chuva insuficientes, longas estiagens como no presente, falta de pasto no inverno e outros fenômenos que ocorrem no ano agrícola, anulando, muitas vezes, o resultado econômico da safra desejada.

Por outro lado, a descapitalização da pecuária é um fato notório, daí se generalizou a expressão popularmente conhecida, de que “a situação financeira do pecuarista é péssima, enquanto a situação econômica é sólida”. Verdadeira, esta paradoxal afirmativa, causada pela falta de apoio governamental ao setor, quase sempre, a pecuária fica fora do crédito oficial e, pelo protecionismo ao intermediário, em prejuízo gritante ao produtor e consumidor. Sem falar, obviamente, no descalabro existente no custo de insumos básicos cuja elevação é constante e em que não existe poder de controle. Carece, então, o setor pecuário, de uma política agrícola adequada.

Enfim, apesar dessas contrariedades, a pecuária rio-grandense vem crescendo com racionalidade e tecnologia, mercê da dedicação e competência dos seus abnegados produtores que procuram, com responsabilidade, dentro do quadro adverso, abastecer o mercado consumidor dessa nobre proteína.

Convém registrar que, atualmente, no Estado, a pecuária vem sendo sustentada, com raras exceções, por pequenos e médios proprietários rurais e, as vezes, até minifundiários, inclusive, em regiões como a Fronteira e parte dos campos de Cima da Serra.

Cabe, ainda, relembrar que o uso, a exploração e a destinação de uma propriedade rural depende de uma série de aspectos de ordem climática, edafológica (solos), de infra-estrutura, culturais, e outras, o que torna a definição do tipo de exploração a ser utilizada bastante complexa.

Levando em consideração aspectos retratados, sabe-se que, aproximadamente, uma terça parte da área rural do Rio Grande do Sul é vocacionada às atividades pastoris.

Na fronteira oeste, por exemplo, esses fatores são mais acentuados. Só no município de Uruguaiana, 70% da sua área agrícola total, tem o fator (afloramento rochoso) como impedimento à penetração do arado, portanto, são terras com aptidão de uso limitado. Tornam-se, diante do meio físico, historicamente, predestinadas à exploração pecuária. No entanto, neste solo raso, vicejam pastagens naturais de exuberante qualidade nutricional que, bem manejadas com lotações adequadas, dão rendimentos satisfatórios.

Atualmente, a pecuária gaúcha é uma atividade que explora a terra, fazendo com que ela cumpra sua função social e econômica, graças às novas tecnologias empregadas, tais como: melhoramento dos rebanhos e pastagens, aperfeiçoamento do manejo, racionalidade administrativa e, nas áreas que não existem fatores impeditivos, a integração com a lavoura é uma técnica rotineira, conduzindo-a para melhores índices de produção e produtividade.

Concluindo, necessita, a pecuária rio-grandense de mais apoio ou na falta deste, de menos interferência em suas atividades, deixando que a livre iniciativa regule o desenvolvimento de sua processo produtivo.

* Eng.º Agrº e Prof. Me. da PUCRS

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