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Agrotóxicos: necessários para a sustentabilidade alimentar do Planeta


Amélio Dall’Agnol

Seria muito difícil aos produtores rurais modernos suprir as necessidades alimentares da população humana – hoje de 7,5 bilhões e cerca de 10 bilhões de pessoas em 2050 – sem valer-se da ajuda dos inseticidas, dos fungicidas e dos herbicidas no controle dos insetos-praga, das doenças e das plantas daninhas. Estima-se que quase metade dos alimentos hoje produzidos globalmente não existiriam sem os benefícios proporcionados pelo desenvolvimento dos agrotóxicos. As catastróficas previsões de Malthus feitas no século XVIII (1789), de que a produção de alimentos cresceria a um ritmo menor do que o da população humana, poderiam ter-se concretizado sem a proteção dos cultivos proporcionada por estes produtos químicos, resultando em milhões de mortos por fome e por inanição.

Dentre os desenvolvimentos não previstos por Malthus e que mudaram o curso da história humana, está o desenvolvimento dos agrotóxicos, os quais permitiram a proteção dos cultivos contra pragas, doenças e plantas daninhas, quando os controles naturais (biológicos e culturais) falharam. Os agrotóxicos apresentam reconhecidas limitações quando utilizados indiscriminadamente, mas são indispensáveis para garantir a sustentabilidade alimentar do Planeta. 

Nem todas as críticas dirigidas ao uso indiscriminado dos agrotóxicos são infundadas. Há situações em que o agrotóxico poderia ser evitado, reduzido ou substituído por similar menos tóxico ao ambiente e aos inimigos naturais das pragas que queremos combater. O agrotóxico é a última ferramenta indicada para o controle fitossanitário das culturas. Antes dele, quando possível, recomenda-se utilizar a alternativa do controle cultural e/ou do controle biológico.

Infelizmente, nem sempre o produtor opta pelo uso de controles alternativos aos agrotóxicos, via de regra mais baratos e ambientalmente mais sadios. Assim agem, ou porque são convencidos pelos distribuidores dos agrotóxicos ou porque desconhecem os benefícios das outras alternativas, ou ainda, porque o preço de mercado das commodities agrícolas permite exageros, sem maiores consequências financeiras. É em anos de fartura quando mais se cometem exageros, razão pela qual, é reconhecido que melhorias tecnológicas nos campos de produção são realizadas, preferencialmente, em anos de carestia. A necessidade obriga.

As terras agricultáveis estão ficando escassas e um hectare de lavoura terá que produzir alimentos para mais pessoas no futuro. Afortunadamente, a taxa de crescimento da população humana está em vias de estabilizar-se (previsto para 2050), para depois cair. A taxa brasileira de natalidade já é de apenas 1,7% e a dos europeus e americanos é ainda menor, insuficiente para repor a morte dos genitores.

Em assim sendo, não será necessário incorporar novas áreas ao processo produtivo agrícola mundial, porque a taxa de aumento da produção de alimentos está crescendo, enquanto que a taxa de crescimento da população humana está diminuindo. Pode-se inferir que, com tais perspectivas, terras agrícolas marginais, hoje integrando o processo produtivo agrícola, poderão ser reflorestadas, contribuindo para mitigar os efeitos das mudanças climáticas em curso. Um alívio para a sobrevivência do Planeta que poderá precisar de menos agrotóxicos e zero desmatamento para alimentar uma população futura menor, mais consciente e mais bem alimentada.

Que bom seria se a natureza nunca entrasse em desequilíbrio, dispensando, assim, o uso de controles artificiais para o manejo dos insetos-praga, das doenças e das plantas daninhas. 

Os agrotóxicos ainda são um mal necessário.

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