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Atemóia é a Nova Alternativa de Cultivo no Vale do São Francisco



Clemente Ribeiro dos Santos

Uma nova fruteira começa a despontar no Vale do São Francisco, a atemóia. De cultivo re-cente, a fruteira demonstra ter potencial de produção similar à obtida em áreas tradicionais de cul-tivo como São Paulo e Paraná: 60-80 frutas por planta. Demonstra, também Ter capacidade de conquistar fatias importantes do mercado interno de frutas: as grandes redes de supermercado localizados nas capitais do Nordeste são os seus principais pontos de venda.

A atemóia é uma planta resultante de uma mistura de duas outras fruteiras: a fruta do con-de, popularmente conhecida como pinha ou ata, no Nordeste; e a cherimóia, típica de regiões de clima subtropical ou temperado. Esta, tem boa aceitação no mercado internacional de frutas in natura. E dela, a atemóia herdou a semelhança física dos frutos e o sabor muito agradável e refi-nado, aponto de ser considerada uma alternativa para ocupar o espaço da cherimóia no período de entressafra.

No Vale do São Francisco, está instalado o principal polo de fruticultura tropical do Brasil. Em uma área de, aproximadamente 100 mil hectares, na região de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), são colhidos mais de 85% dos frutos de manga e uva exportados pelo país e que geram divisas de mais de 60 milhões de dólares. A implantação da atemóia nessa região, embora incipiente e não chegue nem a 100 ha de área cultivada – a manga está plantada em mais de 10 mil ha – segue um caminho que, pode-se dizer, é bastante consistente.

Decerto que as informações científicas acerca do seu desenvolvimento sob condições tro-picais irrigadas ainda não estão consolidadas, em sua totalidade. Contudo algumas vantagens podem ser anotadas do seu cultivo. Uma delas é a facilidade de escalonar, por meio de poda, a produção ao longo do ano. Isto permite que se obtenha até duas safras/ano de um mesmo pé de planta. Com o avanço das pesquisas que vêm sendo realizadas na Embrapa Semi-Árido é de se prever uma redução nos custos de produção, hoje semelhante ao da pinha: 3,5 mil reais com a implantação da cultura e mais 2,5 mil reais com o sistema de irrigação. Em grandes áreas de culti-vo é de se esperar que esses valores sofram redução. Hoje o preço médio da fruta no mercado cobre, com uma boa sobra, estes custos de produção.

Contudo, há, ainda, questões técnicas que merecem grande esforço de pesquisa para se-rem equacionadas. A polinização, por exemplo, é uma delas. Nessa planta ocorre um fenômeno chamado de dicogamia protogínica que implica no amadurecimento desigual dos órgãos sexuais masculino (androceu) e feminino (gineceu), o que torna quase impossível a autofecundação. Este fenômeno é responsável por baixas produtividades no pomar de atemóia e o insucesso dos produ-tores que se meteram a cultivar a fruta sem tomar conhecimento da sua fisiologia. A alternativa é a polinização artificial que exige pessoal treinado na sua execução. Em fruta do conde esse proce-dimento alcança 96% de sucesso enquanto que com a polinização natural conseguiu-se apenas 9%.

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