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Brasil: um país sem solução


Vinícius André de Oliveira

Há décadas muitos estudiosos, intelectuais, pesquisadores, o meio acadêmico e especialistas das mais variadas áreas discutem as relações, políticas e econômicas, que formam o Brasil. Uma tentativa - a meu ver – sempre frustrada de buscar entender um pouco das origens dessa convivência para não somente tomar decisões no momento presente quanto antever os caminhos que podem ser traçados para escolhas futuras.

Isso vale, na prática, para os investimentos, para o setor público, para um governo de forma geral, para o setor privado e para o indivíduo comum.

Entretanto, com um olhar mais profundo, analisando a formação do Brasil, como já fizeram Celso Furtado, Caio Prado Júnior, Roberto Campos e tantos outros nomes que compõem a história recente, não se pode chegar tão facilmente a uma conclusão.

Raymundo Faoro, jurista, sociólogo, historiador e cientista brasileiro, talvez tenha chegado bem perto de uma definição ideal. Em seu livro “Os donos do poder” demonstra primeiramente que houve a intenção deliberada de enquadrar a história do país aos moldes marxistas. Em segundo lugar, e aí certamente um dos fatos mais importantes para pensar o Brasil, a constituição da estrutura de dominação e o jogo do poder que se estabeleceu no Brasil como herança portuguesa. A partir disso, se formou a organização político-administrativa e a corporação de poder chamada por Faoro de “estamento”.

Esse estamento, com seu apetite voraz pelo poder, vem trazendo o Brasil desde seu descobrimento, ou seja, há mais de 500 anos sem dar um passo, conduzido por uma cúpula com interesses próprios e escusos – ou nem tanto, que semeia ao longo dos séculos a cultura da selva, predatória e cruel, de se manter vivo ao lado do mais forte mesmo que isso custe a “vida” de alguns.

O país mais uma vez enfrenta um momento onde o objetivo final e principal deveria ser o bem estar atual e futuro dos que aqui vivem, o desenvolvimento econômico da nação, o pensamento atento à diminuição das desigualdades e talvez um ideal de deixar um lugar mais justo para as próximas gerações.

Nada. O que impera mesmo mais uma vez é a preocupação de nossos eleitos se dão conta de salvar a cúpula ou se salvam a si próprios num dispersamento momentâneo. E assim, as questões cruciais para o desenvolvimento vão ficando em segundo plano e o Brasil, infelizmente, nunca avançará o bastante.

E esse molde é replicado nas nossas relações de trabalho, no nosso bairro e até mesmo em certa medida nas nossas famílias.
Não acredito que reformas como a trabalhista e da previdência, irão – ou talvez iriam – salvar o Brasil e sequer concordo totalmente com elas, mas é a tentativa de propor uma solução, obviamente sendo bem discutida, de um modo ou de outro traria algum benefício.

Mas isso é pequeno não é? O que importa agora é que a cúpula que outrora foi derrubada destitua do poder a atual para imediatamente voltar ao comando dos interesses individuais.  

Enquanto essa cultura prevalece o Brasil continua na pobreza, não a pobreza que está diante dos nossos olhos escancarada na rua, essa provavelmente seria a mais fácil de resolver, mas a pobreza mesquinha e execrável da elite burocrática inclemente, alternando seus titulares, porém mantendo sempre o controle da sociedade.

Difícil entender qual o problema do Brasil? Não. Difícil é solucioná-lo.  
 
 

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