
O presente texto tem como objetivo propor uma reflexão junto aos leitores: o que acontece e que oportunidades podem surgir quando nos afastamos dos ruídos diários e observamos os acontecimentos recentes com uma visão amplificada?
Façamos uma breve retrospectiva. No final de 2022, término do mandato do último governo e início do atual. O país é marcado por uma eleição acirrada, enfrentando um período de intensa polarização política e social. A mudança de governo trouxe incerteza aos agentes financeiros: como o mercado reagiria a atual administração? A bolsa de valores iria subir? E a taxa de juros e o dólar, como se comportariam?
Avançando no tempo chegamos no período objeto desta análise – 18/12/2024 a 14/07/2025 -, mas sem antes contextualizar de onde saímos até onde estamos.
- IBOVESPA[1] (IBOV) como referência para o comportamento da bolsa brasileira. I
- Em janeiro de 2022 o IBOV estava em 109.700 pontos;
- Fez mínima em 97.000 pontos em 20/03/2023;
- Alcançou 124.700 pontos em 18/12/2024, data de corte da análise.
Além do próprio índice, analisamos o percentual de companhias que estavam sendo negociadas com seus preços acima da média móvel de 200 períodos[2]. No último dia 07/07/2025, o IBOV atingiu 141.260 pontos, com 69,05% das ações com seus preços acima da média. Em 14/07/2025 fechou em 135.300 pontos e 60,71% acima
da média.
- MAIORES COMPRADORES E VENDEDORES:
Os três gráficos a seguir mostram que, dentro do período analisado, os investidores estrangeiros foram os maiores compradores na bolsa brasileira, via compra de ações à vista ou contratos futuros. Na outra extremidade os investidores institucionais – como fundos de investimento – foram os principais vendedores.
OBS: O Gráfico 02 cobre um período mais longo de tempo contudo, o período de análise está destacado. Cada um dos agentes analisados – estrangeiro, institucional, instituições financeiras, pessoas físicas e outros – estão representados com cores distintas.
Gráfico 2 – Fonte: Quantzed Análises
Contudo, uma nova dinâmica, pode estar se formando. No dia 09 de julho os investidores estrangeiros começaram a ser mais vendedores do que compradores na bolsa brasileira. Um fato novo e importante são as tarifas anunciadas pelo governo americano contra os produtos brasileiros.
Gráfico 3 – Fonte: Quantzed Análises
Gráfico 4 – Fonte: Quantzed Análises
- CURVA DE JUROS: representa de maneira gráfica a expectativa do mercado em relação às taxas de juros futuras, com base na negociação dos contratos DI[3]. Conforme demonstrado no gráfico, desde 18/12/2024 houve queda nas projeções.
- Em 18/12/2024 o contrato com vencimento em janeiro 2027, projetava taxa de 15,84%;
- Em 15/07/2025 esta mesma taxa estava projetada e sendo negociada em 14,34%
Gráfico 5 – Fonte Quantzed Análises
- TAXA PTAX[4]: A cotação do dólar também apresentou forte oscilação:
- Em 02/01/2022, a PTAX fechou em R$ 5,2849;
- Durante o período analisado atingiu a mínima de R$ 4,6477 em 11/04/2022;
- Chegou a máxima de R$ 6,1985 em 23/12/2024;
- E recuou para a faixa de R$ 5,40 ao final de junho de 2025.
Gráfico 6 – Fonte: Nelógica
– O gráfico 7 – traz uma visão de mais longo prazo para o preço do dólar, reforçando a sazonalidade da moeda, onde tende a se desvalorizar no primeiro semestre (com entrada de dólares das exportações, como soja, por exemplo) e se valorizar no segundo (com remessas de lucros ao exterior por empresas estrangeiras).
O QUE APRENDEMOS COM TUDO ISSO?
As datas analisadas foram escolhidas propositalmente. Ao final de 2024, o sentimento nos mercados era negativo e de total desânimo, como demonstram algumas manchetes da época. O Brasil era um péssimo lugar para se investir.
- “Ibovespa fecha 2024 com queda de mais de 10%, pior desempenho desde 2021” - UOL
- “Dólar chega a R$ 6,30 e cai após leilões do BC e avanço do ajuste fiscal” – Folha de S. Paulo
- “Editorial: esta crise é uma escolha política” – Brazil Journal
Naquele período, o cenário era desalentador: baixa exposição na bolsa de valores, aumento na taxa de juros e dólar nas alturas. Contudo e conforme demonstrado acima, este cenário não se concretizou: o Ibovespa subiu, as projeções para os juros caíram, e o dólar recuou quase 10%.
O que os investidores estrangeiros estavam vendo diferentemente do investidor local? Talvez tenham percebido distorções de preços, como apresentado no gráfico 1, onde os valores praticados na época poderiam estar carregados de desânimo. Refletindo de maneira distorcida a qualidade e solidez de algumas empresas.
No fim das contas, justificativas e narrativas não faltarão. Mas o mais importante ao leitor é entender que o mercado financeiro se movimenta de maneira antecipada. Exageros sempre acontecem e são nestes que o investidor atento filtra o que é importante e o que é apenas manchete para vender jornal.
COMO O INVESTIDOR PODE AGIR
Em momentos como o atual, é importante que o investidor busque ajuda de um profissional capacitado para auxiliar na tomada de decisões mais conscientes e estratégicas. Aproveitando os momentos mais favoráveis para investir, sempre respeitando os seus objetivos e horizontes de tempo. Afaste-se de ruídos.
Porto Alegre, 24 de julho de 2025
Márcio R. Santos // ?? (51) 99964-4025
Cultivar Capital Assessoria em Investimentos / Nova Futura Investimentos
AVISO LEGAL: As informações contidas neste material têm caráter meramente informativo e refletem a opinião pessoal do autor na data de sua publicação. Este conteúdo não constitui e nem deve ser interpretado como recomendação de investimento. Antes de tomar qualquer decisão, o investidor deve avaliar sua situação individual, seus objetivos e consultar um profissional autorizado pela CVM.
[1] Composto pelas ações de maior negociabilidade e representatividade junto à B3, servindo como principal indicador de desempenho das cotações destas companhias
[2] Média móvel de 200 períodos, indicador muito utilizado por participantes do mercado. Compreende o período de 01 ano de pregão
[3] Taxa DI, taxa média ponderada de juros praticada entre bancos nas operações lastreadas em títulos privados – CDI = certificado de depósito interbancário
[4] Taxa de Câmbio de referência do real por dólares americanos mais utilizada no mercado cambial brasileiro, tanto nos contratos futuros e de opções listados na B3 quanto em operações financeiras de empresas. Divulgada diariamente pelo Banco Central Brasileiro