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E se Lula for candidato?


Vinícius André de Oliveira

Na quarta-feira, dia 24 de janeiro de 2018, o Tribunal Regional Federal da 4ª região, através de seus desembargadores, condenou o ex-presidente da república Luis Inácio Lula da Silva pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 12 anos de prisão em regime fechado.

Esse resultado por si só já torna Lula inelegível à ocupação de cargos públicos segundo a Lei da Ficha Limpa, porém, como ainda cabem recursos à decisão do TRF sua candidatura ainda é possível. Diante desse contexto, qual cenário é mais provável caso o ex-presidente seja candidato?

 Certamente, essa condenação teria efeito negativo em sua campanha, geraria muitos questionamentos e seria exaustivamente usada por seus oponentes desgastando sua campanha durante todo o período eleitoral.

Outro fator importante será a dificuldade de levantar o montante suficiente para uma candidatura de tamanha proporção sendo que a maioria de seus financiadores está praticamente impedida com as dificuldades impostas pela operação Lava Jato e pelo monitoramento que a própria sociedade tende a fazer visto que essa já deixou comprovado que não vê com bons olhos o modelo mais utilizado pelos candidatos para angariar recursos. Só para se ter uma ideia, na última eleição presidencial foram gastos mais de R$350 mi para eleger Dilma Rousseff. Não acredito que muitas empresas estarão dispostas a correr o risco de investir em sua campanha nos moldes do caixa 2 na situação atual em um candidato condenado. Não só as empresas não correriam esse risco como também partidos de tamanho expressivo arriscariam seu capital político unindo-se ao Partido dos Trabalhadores.

Além disso, considera-se que Lula possua algo em torno de 30% das intenções de voto o que leva a crer que o nível de rejeição é alto, já que o percentual restante, a princípio, não vota nele. Estados importantes tradicionalmente não votam em candidatos do PT como São Paulo, por exemplo, e alguns estados como Minas Gerais podem decidir a eleição onde a disputa geralmente é equilibrada. Na última eleição a candidata Dilma Rousseff perdeu para o candidato Aécio Neves em toda a região Sul e Centro Oeste além dos estados de Rondônia, Acre, Roraima, Espírito Santo, São Paulo e no Distrito Federal como demonstra o mapa.

 


 

São muitos os fatores a serem levados em conta em uma campanha presidencial e o poder de persuasão de Lula ainda é considerável, mas parece ter efeito cada vez mais somente sobre aqueles que votariam nele em qualquer circunstância.

Acredito que diante desse cenário, os processos em que Lula já foi julgado e os em que ainda haverá julgamento tornarão a quantidade de votos que o ex-presidente teria em uma suposta candidatura insuficientes para a eleição. Ainda é cedo para dizer alguma coisa, principalmente sem saber de fato quais os candidatos – informação muito importante em caso de segundo turno. Mesmo assim, incomodado com a polarização política do Brasil e sem apego por nenhum dos lados, é a aposta que faço. Se estou certo, só o tempo dirá.

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