
O feijão caupi cujo nome científico é Vigna unguiculata (L.) Walp é uma leguminosa bem adaptada as condições brasileira de clima e de solo. É cultivado para a produção de grãos para a alimentação humana nas regiões de climas quentes, seja úmida ou semi-árida, do norte (trópico úmido) e nordeste (trópico semi-árido), respectivamente. Constitui no nordeste brasileiro alimento básico para a população, exercendo a função social de suprir as necessidades alimentares das camadas carentes, com propriedade nutricional relativamente superior ao feijão comum. A sua alta capacidade de sobreviver em condições climáticas adversas, tolerância a solos ácidos e de baixa fertilidade e resistência a “mela” tem sido alguns dos fatores de sua recomendação para cultivo na região amazônica.
No Brasil o feijão caupi constitui a principal cultura de subsistência no sertão do semi-árido do nordeste e em áreas isoladas da Amazônia, especialmente em regiões onde se instalaram imigrantes nordestinos.
No Estado do Amapá o cultivo e o consumo de feijão caupi tem demonstrado evidência de crescimento nos últimos cinco anos. Esta tendência de crescimento podem ser atribuída ao preço de mercado que tem se mostrado compensador e o aumento no número de imigrantes nordestinos, tradicionalmente grandes consumidores, que se instalaram no Amapá. Outro fator que poderá ser citado para a expansão do cultivo do caupi no estado é a impossibilidade, até o momento, de se cultivar o Phaseolus vulgaris (feijão do sul ou feijão comum) em virtude de condições climáticas adversas.
Tendo em vista as demandas atuais e potenciais , em relação ao caupi, os trabalhos de pesquisa foram intensificados pela EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, visando dispor de cultivares de elevado potencial produtivo, resistentes ou tolerantes a pragas e doenças e de boa aceitação comercial para o Amapá.
Os trabalhos de melhoramento genético com a cultura, no Estado do Amapá e o resultado do esforço conjunto entre a Embrapa Meio Norte (sediada no Estado do Piauí) e a Embrapa Amapá, fez com que houvesse a recomendação de duas novas cultivares de caupi, sendo uma denominada de BRS-Mazagão e a outra Amapá
A cultivar BRS-Mazagão corresponde a linhagem IT87D-1627 introduzida do International Institute of Tropical Agriculture-IITA, sediado em Ibadan, Nigéria, em 1990, tendo sido registrada na coleção de germoplasma de caupi da Embrapa Meio-Norte com o código TE-1307. No Estado do Amapá foi avaliada durante um período de quatro anos.
A cultivar BRS Mazagão possui hábito de crescimento determinado, porte semi-ereto, início da floração aos 36 dias, floração média de 39 dias, 65 dias de ciclo médio, comprimento médio de vagem de 15 cm, semente de coloração branca com anel do hilo e uma pequeno halo preto, tipo de tegumento rugoso, peso de 100 sementes de 15 gramas e pertence ao grupo comercial fradinho. No Estado do Amapá esta cultivar alcançou produtividade de até 1.270 kg/ha enquanto que no Estado do Piauí, em cultivo irrigado obteve produtividade de até 2.718 kg/ha de grãos.
A cultivar Amapá possui hábito de crescimento indeterminado, porte semi-ereto (tipo 2 sob condições de baixa fertilidade, com variação para porte semi-enramadora volúvel em solos mais férteis), floração média de 45 dias, comprimento médio de vagem de 18 cm, ciclo de 76 dias, 15 sementes por vagem, cor da semente branca com olho preto e peso de 100 sementes de 16 gramas. Tanto nos trabalhos experimentais com em área de produtor alcançou produtividades que variaram entre 1.200 kg/ha e 1.640 kg/h de grãos.