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O Brasil do futuro


Vinícius André de Oliveira

Parece inacreditável que em pleno 2018 exista ainda quem defenda ideias dos anos 1980 como a substituição de importações, por exemplo. Algo que nitidamente torna a economia mais fechada e vai contra tudo que os países desenvolvidos - e também aqueles que buscam se desenvolver - fazem, que é se abrir para o comércio internacional e com isso buscar novos clientes, novos parceiros comerciais e atrair investimentos.

Nos anos 1980 Coreia do Sul e Brasil possuíam cerca de 20% da renda per capta dos Estados Unidos. Passados mais de 30 anos, a renda per capta da Coreia do Sul é três vezes maior e a do Brasil continua sendo 20% da renda per capta americana. Nossa política para o comércio internacional é muito frágil ou pelo menos equivocada há tempos. São muitas décadas jogadas no lixo por conta dessa visão atrasada.

Nossa cultura permite que o Brasil seja sempre o país do futuro, mas um futuro que nunca chega. A percepção de que tudo dará certo lá na frente sem a coragem de fazer as reformas e os ajustes do presente.
Isso vem de longe, a ideia rotineira de centralização do poder, fechamento da economia, políticas anti-neoliberalismo, capitalismo de estado feito somente para os retroalimentadores do poder e por aí vai. Agora está na moda o discurso de que é preciso desenvolver algo para o Brasil sem olhar exemplos no mundo. Será que o que foi feito na antiga União Soviética, na extinta Iugoslávia, na Polônia e o que é feito na Coreia do Norte, na Venezuela, na Rússia, no Irã não será prejudicial para o nosso país? Não. Vamos desenvolver algo específico para o progresso do Brasil. Vamos promover a paz para o nosso povo, dizem alguns que pretendem liderar nossa nação. Aí me pergunto: como seria possível o desenvolvimento e a promoção de paz olhando para esses exemplos? É bizarro como algumas pessoas tem a coragem de dizer publicamente algo tão insano. Somos menosprezados intelectualmente quase que diariamente. Não existe alguma liderança política ou grupos que defendam por aqui modelos diferentes dessa frente a despeito de alguns intelectuais defenderem que o liberalismo está ganhando alguma proporção maior do que tem hoje.

Estamos prestes, acredito, a passar ainda muitos anos brigando com o mercado, espantando investimentos, colocando medo em todos os agentes, fazendo com que a volatilidade de todos os indicadores seja maior do que o normal. Reflexo certamente de uma cultura atrasada e que nos coloca em uma posição pior do que a Argentina, que já teve um grau de relevância internacional maior e que de forma decadente deixou que o desenvolvimento escapasse pelos vãos dos dedos. O Brasil, infelizmente, nunca foi nada e jamais chegou a lugar algum. Estamos, enquanto país, sempre olhando o presente e com objetivos muito particulares. Nelson Rodrigues dizia que o brasileiro tem o “complexo de vira lata”. Falava que o brasileiro é um narciso às avessas. Tenho receio de que não seja apenas um complexo.

Fico pensando se são líderes mentirosos que vão achacando o povo brasileiro no cesto da incapacidade ou se é o povo que dá espaço para que pessoas mal intencionadas conduzam o rumo do nosso país. 

Quer saber como será o Brasil do futuro? Leia um bom livro de história.
 

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