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O câmbio sobrevalorizado (II)



Argemiro Luís Brum

Desta forma, a moeda brasileira estava sobrevalorizada em 16,21% no final de janeiro de 2007 levando-se em consideração o valor que ela deveria estar para manter a paridade de poder de compra existente em maio de 2005. Esta situação só piorou na medida em que o real ganhou ainda mais força nos últimos dois meses e meio. Em termos práticos, usando a formação do preço da soja como referência, ocorre o seguinte. Ao invés dos R$ 27,38/saco recebido pelo produtor gaúcho, na média do balcão, no final de janeiro passado, o mesmo teria recebido R$ 31,80 por saco. Ou seja, teria ganho R$ 4,42 por saco a mais, mantido igual o mesmo nível de desconto por parte das empresas compradoras. Uma situação que persiste neste momento de colheita da safra, com o agravante de que a maioria dos insumos agrícolas voltou a ter seus preços fortemente elevados. A segunda pergunta a fazer é: há condições do governo brasileiro intervir no câmbio? Não, em se mantendo a política de câmbio flutuante, corretamente adotada ainda em janeiro de 1999. O que se precisa é de ações oficiais de compensação às perdas pelo câmbio, tipo redução de impostos na compra de insumos agrícolas e na própria comercialização da produção. Ocorre que isto se mostra quase impossível na atual estrutura de gastos do Estado brasileiro. Para piorar a situação, além de impostos elevados, temos ainda um quadro de alta corrupção, criminalidade, e custos trabalhistas que, pelo último relatório do Banco Mundial, sobre Indicadores do Desenvolvimento Mundial, ficamos como um dos piores países para negócios. A tal ponto que, no item rigidez na legislação trabalhista como obstáculo para a eficiência e menores custos, fica-se em último lugar mundial. No quesito corrupção supera-se apenas o Benin, a Guatemala e o Quênia. Para quando as reformas no Estado?

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