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o carbono na agricultura brasileira


Amélio Dall’Agnol

O carbono é um elemento essencial para os seres vivos. Faz parte da estrutura das moléculas orgânicas e é encontrado nos seres vivos, na atmosfera, nos ambientes aquáticos, no solo e nas rochas. Na atmosfera ele se apresenta, principalmente, na forma de gás carbônico (CO2), e secundariamente na forma de metano. Por ocorrer em maior quantidade, o gás carbônico é o mais importante gás causador do efeito estufa (GEE), que pode prejudicar a vida no Planeta quando produzido em excesso, mas é responsável por garantir que a Terra permaneça aquecida o suficiente para permitir que haja vida nela. Sem o efeito estufa moderado, o planeta enfrentaria temperaturas muito baixas e muitos seres vivos não sobreviveriam. Além disso, o ciclo do carbono se confunde com o ciclo da vida no planeta, porque o gás carbônico que está na atmosfera é permanentemente incorporado às plantas e, através delas, aos outros seres vivos.

Aproximadamente metade do peso seco (massa) de um vegetal adulto é constituída do carbono proveniente do CO2 capturado da atmosfera. O CO2 é lançado na atmosfera pela respiração e decomposição dos seres vivos, queima de combustíveis fósseis, incêndios florestais e erupções vulcânicas. Da atmosfera esse gás é capturado pelas plantas verdes, que o transformam em tecidos orgânicos por meio da fotossíntese, reação química que absorve o CO2 e libera o O2, utilizando a energia solar. https://web.extension.illinois.edu/askextension/thisQuestion.cfm?ThreadID=19549&catID=192&AskSiteID=87

A história da fotossíntese começou na Grécia Antiga, quando as pessoas acreditavam que as plantas obtinham seu alimento a partir do solo. Mas cientistas ao longo dos séculos provaram que, se bem a planta obtenha nutrientes minerais do solo, estes constituem parte muito pequena do peso de um vegetal adulto.

Foi o médico belga Jan Baptist Van Helmont no século XVII quem primeiro observou como ocorria a nutrição das plantas. Após colocar uma planta de salgueiro em um vaso de cerâmica ele observou que, ao final de cinco anos, a planta havia se desenvolvido e aumentado muito de peso, mas a quantidade de solo no vaso permanecia quase a mesma. Essa constatação o levou a intuir que o tecido do vegetal não se havia formado à custa do solo do vaso, mas do carbono sequestrado do ar atmosférico por meio da fotossíntese.

Atualmente vivemos um dilema no Planeta: apesar de o gás carbônico ser essencial para o desenvolvimento dos vegetais, a sociedade está exagerando na sua produção. Esse exagero tem ocorrido, principalmente, com a queima de carvão mineral, gás natural, diesel, gasolina, madeira, e a decomposição de restos vegetais. Esses processos respondem pela maior parte dos GEE, que a maioria dos cientistas acreditam serem responsáveis pelo aquecimento anormal da atmosfera terrestre. Assim sendo há riscos de transformar a atmosfera numa espécie de estufa gigante e inviabilizar a vida em muitas regiões da Terra, além de promover o degelo das geleiras polares e causar inundações diluvianas.

A capacidade de reter o calor atmosférico é muito diferente entre os GEE. O CH4 e o N2O, por exemplo, são, respectivamente, 21 e 310 vezes mais potentes na capacidade de reter a radiação solar e causar o efeito estufa, do que o CO2. Felizmente, eles ocorrem em quantidades muito menores.

Apesar de muito criticada pelo desmatamento amazônico, a agricultura do Brasil não merece as críticas que recebe dos países desenvolvidos, pois as decisões tomadas são muito favoráveis ao estabelecimento de uma agricultura sustentável. Exemplos disso são os Planos ABC (Agricultura de Baixo Carbono e a sua segunda fase, o Plano ABC+. O Plano ABC, em dez anos de vigência (2011-2020), promoveu a adoção de práticas sustentáveis em 52 milhões de hectares no país. O Plano ABC+ (2020-2030), traz as bases conceituais e os objetivos estratégicos para a promoção da agricultura de baixa emissão de carbono para a próxima década. Além desses esforços evidentes, as lideranças ruralistas sabem que o equilíbrio hídrico exercido pela floresta amazônica mantém as regiões agrícolas consolidadas, húmidas e agricultáveis.

Infelizmente, as práticas rurais, mineradoras e extrativistas antiecológicas de uma minoria abrem brechas para o ataque - interno e externo - contra o agro brasileiro, além de arriscarem desertificar no futuro as regiões agrícolas consolidadas do país, por falta de chuva. Lamentável! Modernos e competentes agricultores brasileiros que investem em tecnologias sustentáveis e levam o país a disputar a liderança mundial do agronegócio, são confundidos com os criminosos que praticam o desmatamento ilegal da Amazônia, dos quais são as maiores vítimas. Nada é tão inovador, na agenda global do clima, quanto os Planos ABC e ABC+. Eles traçam a rota do futuro agroambiental do País e dá uma lição de sustentabilidade ao resto do mundo.

O Plano ABC+ é uma recente reformulação do Plano ABC, para viger até 2030, com a proposta de seguir apoiando as atividades agrícolas de baixa emissão de carbono. Entre as atividades apoiadas estão o sistema plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), a recuperação de pastagens degradadas, a fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), o estabelecimento de florestas plantadas, e o tratamento de dejetos animais, entre outros.

Estas ações permitiram e, ainda permitem, aumentar a produtividade em todos os tipos de exploração agropecuária, produzindo mais, nos espaços que já cultivamos e dispensando a necessidade de novos desmatamentos. Dando, inclusive, a oportunidade ao Brasil de faturar mais com a comercialização de créditos de carbono, do que dividendos com a produção agrícola. Já há analistas que se referem ao carbono incorporado, como a terceira safra anual do agronegócio nacional.

O Brasil tem condições de assumir a dianteira mundial nessa nova economia de créditos de carbono (títulos verdes ou green bonds), estimados em aproximadamente 1 trilhão de dólares e creditar-se para ficar com boa parte desse montante. A Embrapa soja lançou no dia 16 de abril de 2021, o programa Soja Baixo Carbono (SBC), para disponibilizar parâmetros científicos de certificação de soja produzida com baixa emissão de carbono. O ativo deverá ser agregado ao principal produto agrícola nacional, entre outras iniciativas com o mesmo objetivo.

Há mais disponibilidade de informações, através do link: https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/60935788/programa-soja-baixo-carbono-pretende-valorizar-a-sustentabilidade-na-producao-de-soja-no-brasil.

O carbono é um elemento essencial para os seres vivos. Faz parte da estrutura das moléculas orgânicas e é encontrado nos seres vivos, na atmosfera, nos ambientes aquáticos, no solo e nas rochas. Na atmosfera ele se apresenta, principalmente, na forma de gás carbônico (CO2), e secundariamente na forma de metano. Por ocorrer em maior quantidade, o gás carbônico é o mais importante gás causador do efeito estufa (GEE), que pode prejudicar a vida no Planeta quando produzido em excesso, mas é responsável por garantir que a Terra permaneça aquecida o suficiente para permitir que haja vida nela. Sem o efeito estufa moderado, o planeta enfrentaria temperaturas muito baixas e muitos seres vivos não sobreviveriam. Além disso, o ciclo do carbono se confunde com o ciclo da vida no planeta, porque o gás carbônico que está na atmosfera é permanentemente incorporado às plantas e, através delas, aos outros seres vivos.

Aproximadamente metade do peso seco (massa) de um vegetal adulto é constituída do carbono proveniente do CO2 capturado da atmosfera. O CO2 é lançado na atmosfera pela respiração e decomposição dos seres vivos, queima de combustíveis fósseis, incêndios florestais e erupções vulcânicas. Da atmosfera esse gás é capturado pelas plantas verdes, que o transformam em tecidos orgânicos por meio da fotossíntese, reação química que absorve o CO2 e libera o O2, utilizando a energia solar. https://web.extension.illinois.edu/askextension/thisQuestion.cfm?ThreadID=19549&catID=192&AskSiteID=87

A história da fotossíntese começou na Grécia Antiga, quando as pessoas acreditavam que as plantas obtinham seu alimento a partir do solo. Mas cientistas ao longo dos séculos provaram que, se bem a planta obtenha nutrientes minerais do solo, estes constituem parte muito pequena do peso de um vegetal adulto.

Foi o médico belga Jan Baptist Van Helmont no século XVII quem primeiro observou como ocorria a nutrição das plantas. Após colocar uma planta de salgueiro em um vaso de cerâmica ele observou que, ao final de cinco anos, a planta havia se desenvolvido e aumentado muito de peso, mas a quantidade de solo no vaso permanecia quase a mesma. Essa constatação o levou a intuir que o tecido do vegetal não se havia formado à custa do solo do vaso, mas do carbono sequestrado do ar atmosférico por meio da fotossíntese.

Atualmente vivemos um dilema no Planeta: apesar de o gás carbônico ser essencial para o desenvolvimento dos vegetais, a sociedade está exagerando na sua produção. Esse exagero tem ocorrido, principalmente, com a queima de carvão mineral, gás natural, diesel, gasolina, madeira, e a decomposição de restos vegetais. Esses processos respondem pela maior parte dos GEE, que a maioria dos cientistas acreditam serem responsáveis pelo aquecimento anormal da atmosfera terrestre. Assim sendo há riscos de transformar a atmosfera numa espécie de estufa gigante e inviabilizar a vida em muitas regiões da Terra, além de promover o degelo das geleiras polares e causar inundações diluvianas.

A capacidade de reter o calor atmosférico é muito diferente entre os GEE. O CH4 e o N2O, por exemplo, são, respectivamente, 21 e 310 vezes mais potentes na capacidade de reter a radiação solar e causar o efeito estufa, do que o CO2. Felizmente, eles ocorrem em quantidades muito menores.

Apesar de muito criticada pelo desmatamento amazônico, a agricultura do Brasil não merece as críticas que recebe dos países desenvolvidos, pois as decisões tomadas são muito favoráveis ao estabelecimento de uma agricultura sustentável. Exemplos disso são os Planos ABC (Agricultura de Baixo Carbono e a sua segunda fase, o Plano ABC+. O Plano ABC, em dez anos de vigência (2011-2020), promoveu a adoção de práticas sustentáveis em 52 milhões de hectares no país. O Plano ABC+ (2020-2030), traz as bases conceituais e os objetivos estratégicos para a promoção da agricultura de baixa emissão de carbono para a próxima década. Além desses esforços evidentes, as lideranças ruralistas sabem que o equilíbrio hídrico exercido pela floresta amazônica mantém as regiões agrícolas consolidadas, húmidas e agricultáveis.

Infelizmente, as práticas rurais, mineradoras e extrativistas antiecológicas de uma minoria abrem brechas para o ataque - interno e externo - contra o agro brasileiro, além de arriscarem desertificar no futuro as regiões agrícolas consolidadas do país, por falta de chuva. Lamentável! Modernos e competentes agricultores brasileiros que investem em tecnologias sustentáveis e levam o país a disputar a liderança mundial do agronegócio, são confundidos com os criminosos que praticam o desmatamento ilegal da Amazônia, dos quais são as maiores vítimas. Nada é tão inovador, na agenda global do clima, quanto os Planos ABC e ABC+. Eles traçam a rota do futuro agroambiental do País e dá uma lição de sustentabilidade ao resto do mundo.

O Plano ABC+ é uma recente reformulação do Plano ABC, para viger até 2030, com a proposta de seguir apoiando as atividades agrícolas de baixa emissão de carbono. Entre as atividades apoiadas estão o sistema plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), a recuperação de pastagens degradadas, a fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), o estabelecimento de florestas plantadas, e o tratamento de dejetos animais, entre outros.

Estas ações permitiram e, ainda permitem, aumentar a produtividade em todos os tipos de exploração agropecuária, produzindo mais, nos espaços que já cultivamos e dispensando a necessidade de novos desmatamentos. Dando, inclusive, a oportunidade ao Brasil de faturar mais com a comercialização de créditos de carbono, do que dividendos com a produção agrícola. Já há analistas que se referem ao carbono incorporado, como a terceira safra anual do agronegócio nacional.

O Brasil tem condições de assumir a dianteira mundial nessa nova economia de créditos de carbono (títulos verdes ou green bonds), estimados em aproximadamente 1 trilhão de dólares e creditar-se para ficar com boa parte desse montante. A Embrapa soja lançou no dia 16 de abril de 2021, o programa Soja Baixo Carbono (SBC), para disponibilizar parâmetros científicos de certificação de soja produzida com baixa emissão de carbono. O ativo deverá ser agregado ao principal produto agrícola nacional, entre outras iniciativas com o mesmo objetivo.

Há mais disponibilidade de informações, através do link: https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/60935788/programa-soja-baixo-carbono-pretende-valorizar-a-sustentabilidade-na-producao-de-soja-no-brasil.

NOTA: Este texto contou com a colaboração de Arnold Barbosa Oliveira

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