A agricultura familiar na região Amazônica é uma atividade preponderante, associada com a necessidade de recuperação de extensas áreas com diferentes níveis de degradação, tornando as espécies perenes, como as frutíferas e outras espécies de interesse, incluindo-se a pupunheira, de grande potencial para o uso nestas áreas, aumentando o renda econômica ou recuperando o solo de certas localidades. A pupunheira poderá ser incorporada num processo produtivo agro-industrial, gerando desenvolvimento regional, incorporando divisas e gerando empregos nas localidades.
A pupunheira (Bactris gasipaes H. B. K.) é pertencente a ordem Arecalis, família Arecaceae (Palmae), subfamília Arecoidae, tribo Cocoeae, recentemente tem despertado grande interesse devido a possibilidade de seu múltiplo uso, onde os frutos, do tipo drupas, com mesocarpo carnoso, comestível e apresentando elevado valor nutricional são amplamente consumidos em diversas localidades, já o palmito é apreciado devido a menor fibrosidade em relação ao palmito de outras espécies, sabor suave e agradável, com baixo teor de calorias, tendo ampla aceitação por consumidores nacionais e estrangeiros, principalmente: Estados Unidos, França, Itália e Japão.
A pupunheira (Bactris gasipaes H.B.K.) produz palmitos com qualidades excelentes para comercialização no mercado nacional e com grande aceitação no internacional, principalmente a Europa. O Brasil é responsável por 95% da comercialização mundial de palmito processado, arrecadando anualmente entre 1992 a 1995 uma média de cerca de 33 milhões de dólares segundo levantamentos econômicos. Estudos realizados demonstraram que o mercado interno nacional apresenta uma potencialidade, ainda não explorada, de 180 milhões de dólares, considerando-se os mesmos preços praticados no mercado interno como no externo. Estes valores demonstram a grande potencialidade econômica da cultura e que por isso deve receber maiores atenções pela pesquisa. Estes dados demonstram as razões do aumentado do interesse pela pupunheira, pois existe uma grande perspectiva desta ser empregada para fornecer matéria prima para as indústrias de palmito, em substituição as tradicionalmente exploradas (Euterpe oleracea e Euterpe edulis), pois as mesmas devido a ampla exploração sem manejo vem apresentando decréscimos em suas populações, além disso existem outras características vantajosas na pupunheira observadas por diversos pesquisadores. Em relação ao aspecto econômico, a pupunheira se destaca em relação as outras espécies exploradas para produção de palmito, pela precocidade do primeiro corte (entre 1,5 a 2 anos), permitindo sucessivos cortes anuais posteriormente, conferindo a pupunheira a característica de cultura perene. A espécie também tem apresentado ampla adaptação geográfica, tornando a de grande interesse para o uso em diferentes regiões de áreas degradadas na Região Amazônica. Sendo pesquisada no Estado do Amapá pela Embrapa Amapá
Gilberto Ken-Iti Yokomizo
Pesquisador da Embrapa Amapá
Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas