"Eu acredito que com criatividade no digital dá pra vender qualquer produto ou serviço no agro contanto uma boa história". Essa será a nossa frase de abertura em todas as nossas colunas, porque, de fato, eu acredito em cada palavra que está escrita acima.
Então, vamos começar de novo e dar esse start: "Eu acredito que com criatividade no digital dá pra vender qualquer produto ou serviço no agro contanto uma boa história. Hoje, vamos entender por que estar presente nas redes sociais deixou de ser opção e virou necessidade."
Nos últimos anos, tenho acompanhado com atenção a transformação da comunicação no Brasil e no mundo. Uma das mudanças mais marcantes está no mercado de conteúdo e no marketing de influência, que deixaram de ser um experimento digital para se tornarem parte estruturante dos orçamentos de comunicação das empresas.
O marketing de influência global deve movimentar cerca de US$ 33 bilhões em 2025, um crescimento de mais de 36% em poucos anos. No Brasil, os números também são expressivos: 61% dos consumidores já compraram um produto ou serviço por indicação de influenciadores, e 78% afirmam confiar nesse tipo de recomendação. Não se trata apenas de acompanhar tendências, mas de constatar uma mudança no comportamento do consumidor.
E isso não acontece só nas cidades, nos shoppings ou no e-commerce. Por que o agro seria diferente? O produtor rural, o agrônomo e o pesquisador também são consumidores. Todos decidem onde investir, que tecnologia adotar, qual marca de insumo escolher ou até qual colheitadeira comprar. No fundo, quem está atrás da tela continua sendo humano, com hábitos, preferências e necessidades.
Outro dado relevante: 43% dos consumidores lembram mais do influenciador do que da própria marca em uma campanha, e 52% se sentem mais seguros ao considerar produtos recomendados por criadores de conteúdo. Isso mostra que, hoje, gente real falando com gente real gera mais impacto do que a comunicação institucional sozinha. Pesquisas ainda apontam que 92% das pessoas confiam mais em recomendações de indivíduos do que em publicidade tradicional, e que 83% dos brasileiros preferem produtos apresentados por pessoas reais a anúncios com modelos de estúdio.
É por isso que acredito que não são apenas os influenciadores digitais que deveriam ocupar esse espaço. Profissionais do agro — como agrônomos, consultores, pesquisadores e executivos — podem e devem ser criadores de conteúdo. O ganho é duplo: fortalecer a autoridade técnica e abrir portas para novos negócios e oportunidades profissionais. É como se cada post fosse um "cartão de visita público", que mistura networking com posicionamento de mercado. Criar conteúdo é como abrir uma loja na Avenida Paulista ou na Times Square digital: estar na vitrine mais movimentada faz toda a diferença no resultado.
As tendências para os próximos anos reforçam essa direção. O mercado deve investir ainda mais em micro e nano influenciadores. Mas o que isso significa, na prática?
Nano influenciadores: geralmente perfis com até 10 mil seguidores, que falam com comunidades muito específicas e geram alta taxa de engajamento.
Micro influenciadores: perfis entre 10 mil e 100 mil seguidores, com autoridade consolidada em nichos de atuação.
São perfis menores em audiência, mas com alta credibilidade e poder de conversão, justamente porque falam de perto com públicos que confiam na sua opinião.
O live shopping e as vendas por redes sociais já são realidade, e os vídeos curtos seguem dominando a atenção, especialmente entre os mais jovens. E, claro, temos a chegada da inteligência artificial.
No meu olhar, a IA deve ser tratada como uma estagiária premium: excelente para dar ideias, organizar tarefas, executar parte do operacional e até ajudar na análise de dados. Mas o crivo, a estratégia e o pensamento crítico são — e precisam ser — do profissional especializado. A boa ideia ainda nasce da mente treinada de quem conhece o setor, e não da máquina.
O que vejo é que o conteúdo tornou-se a nova publicidade. Mas não basta apenas estar presente: existe um jeito certo de fazer. Na era da televisão, o consumidor não tinha como pular o comercial; no máximo, mudava de canal. Hoje, nas redes sociais, ele precisa ser conquistado em um segundo e meio — é esse o tempo médio para decidir se vai continuar assistindo ou deslizar para o próximo vídeo. É uma disputa pela atenção, em que a autenticidade e a relevância da mensagem contam mais do que qualquer jargão publicitário.
Por isso, acredito que comunicar bem no agro é também comunicar bem para gente. E, no fim, é sempre sobre gente: produtores, agrônomos, pesquisadores, mas também pais, mães, consumidores que fazem escolhas todos os dias. Quem souber unir conteúdo, confiança e estratégia vai sair na frente.
Mas que tal aprofundarmos nesse tema e entender como começar a produzir conteúdo no digital? Mas isso é assunto para o próximo mês. Te espero aqui!
Mini bio
Flávia Macedo é jornalista especializada em agronegócio e marketing digital, com mais de dez anos de experiência em comunicação no setor. Fundadora do perfil Flá do Agro, atua como comunicadora, apresentadora e consultora em estratégias de conteúdo, mostrando como criatividade e posicionamento podem gerar valor e vendas para o agronegócio. Foi âncora e repórter do Canal Rural e atuou também como repórter especializada da Revista Forbes (Forbes Agro).