Em 2004 os produtores compraram insumos com o dólar em R$3,10 e comercializaram seus produtos com o dólar em R$2,60. Em 2005 o dólar continuou reduzindo e chegou em R$2,40 no momento dos gastos e está em março na faixa de R$2,11 quando começa a comercialização.
A contínua apreciação cambial (real sobre-valorizado em relação ao dólar) nos últimos anos foi prejudicial para os agricultores que plantaram as quatro últimas safras – duas de verão e duas de inverno - pois compraram insumos com o preço do dólar mais elevado que quando venderam sua produção.
Dificilmente haverá uma mudança no valor do dólar nos próximos meses, economistas prevêem inclusive novas apreciações do real, especialmente agora que o governo editou Medida Provisória que isenta do Imposto de Renda de 15% os rendimentos decorrentes de aplicações por investidores estrangeiros em títulos da dívida pública federal. Facilitada a entrada de dólares no Brasil, a cotação pode baixar para menos de R$ 2.
Os produtores vão receber, na hora da venda das mercadorias, o correspondente em dólar, que perdeu valor e em contrapartida, mão-de-obra, frete, pedágio e energia elétrica foram corrigidos em real, resultando em maiores custos para os produtores.
Quando os produtores não tinham problemas com renda, a indústria recompôs as suas margens e os custos subiram para o produtor. Com a queda do dólar os custos recuaram, mas em intensidade bem menor que foi a alta. O problema cambial que resultará em nova defasagem entre receitas e custos, não é o único fator que explica a crise, mas é o mais preocupante no momento.
O colapso dos negócios do meio rural devido ao câmbio
Em janeiro de 2003 a taxa nominal de câmbio fechou em R$ 3,53 por dólar, enquanto que em fevereiro de 2006 chegou em R$ 2,13 por dólar, ou seja, queda de 39,66% em termos nominais.
Os preços recebidos pelos produtores (deflacionados pelo IPCA), mostram a perda de renda.
O milho recebeu o equivalente a R$20,95 em março de 2003 e está cotado em R$11,88 – representando retração de 43,3%. O trigo chegou a pagar R$36,56 e agora está em R$19,58 ou queda de 46,4%. A soja de R$45,12 passou para R$24,68, equivalente a 45,3% de redução.