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Cuidados com a Queima de Campos


Mario Hamilton Villela
Nesta época do ano, deve haver muito cuidado com as eventuais queimas de campo, muito comum à margem das estradas, queimadas iniciadas pelos descuidos dos usuários das mesmas. Vê-se, em função disso, para todo lado e a qualquer hora áreas de campo enormes serem devastadas pelo fogo, com prejuízos incalculáveis para essas propriedades rurais. Outras vezes, o fogo é colocado pelo próprio produtor para queimar o pasto velho ou as restevas das lavouras (para facilitar o preparo do solo). Todas essas "práticas" quer as acidentais (queima a margem das rodovias) ou as colocadas intencionalmente, são prejudiciais, em maior ou menor intensidade ao solo.

 Aliás, esse tema já levantei em outros textos e o próprio Governo, através de seus órgãos especializados, tem lançado campanhas esclarecedoras sobre o assunto. Portanto, não é por falta de alerta que esta prática vem ocorrendo, ainda, com certa intensidade. É lamentável que ainda em alguns estabelecimentos rurais de nosso Estado essa prática antes rotineira, ainda seja usada. As propriedades rurais que utilizam essa "técnica inconseqüente" estão transformando suas terras produtivas em terras improdutivas, podendo chegar, em curto prazo, a características desastrosas de zonas desérticas à semelhança de verdadeiros desertos. Os danos causados por essa "prática" provocam danos incalculáveis ao equilíbrio natural, não só do solo, propriamente dito, como muitos pensam, mas também, na fauna e na flora.  
 A queima dos campos e das restevas, de modo geral, contribui para a acidificação, a desertificação e a erosão dos solos, com implicações profundas nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Esse processo é muito mais acentuado, bem mais grave, em regiões onde os solos são originários de um afloramento basáltico, ou seja, bastante rasos.
Os principais problemas provocados por essas queimas generalizadas e indiscriminadas, são:
- o calor provocado pelo fogo, principalmente, em solos rasos, destrói, completamente, com os microorganismos (necessários para o desenvolvimento de muitas reações que se realizam dentro do solo e de vital importância à sua produtividade) existentes no solo; danifica-se, assim com a vida microbiana do solo;

- as substâncias orgânicas (matéria orgânica) são, por inteiro, queimadas, não se transformando, nem se incorporando à estrutura do solo; 
- as cinzas que restam desse "incêndio criminoso" ficam expostas à erosão e lixiviação (perda por infiltração), perde-se, portanto, todos os nutrientes eventuais aí ainda existentes;
- o nitrogênio existente no solo (de vital importância para a vida dentro do solo) é, totalmente, volatilizado e com o carbono acontece à mesma coisa;
- a falta de proteção vegetal deixa o solo desprotegido, facilitando a erosão;
- destrói-se com toda e qualquer eventual renovação natural incipiente; - os campos, chamados e conhecidos como campos finos, vão ficando cada vez mais grossos, pois as pastagens finas são mais sensíveis e, destruídas pelo fogo, permanecem as mais resistentes e as mis fibrosas (as de baixo valor nutritivo), baixa, assim, a capacidade alimentícia da pastagem, diminuído, consideravelmente, a lotação dos campos;
- o fogo danifica bastante a estrutura do solo, prejudicando, em muito, a capacidade de absorção de água;
- nos solos rasos, as raízes finas e superficiais são totalmente prejudicadas pela ação do fogo.
 Ante as ponderações acima, conclui-se que os campos (especialmente os mais rasos ou menos profundos) ou restevas de lavouras, submetidas ao processo de queimada periódica vão ficando cada vez mais pobres.  Esses solos ficam enfraquecidos, degradados e erosonados.  Em outras palavras, o solo em que é colocado fogo fica, seriamente, danificado no que diz respeito às suas propriedades físicas, químicas e biológicas.

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