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Economia no processo produtivo da soja


Amélio Dall’Agnol
Todo o agricultor almeja lucro no processo de produção. De nada serve figurar como campeão de produtividade mas fechar a temporada com déficit financeiro, porque o seu custo de produção excedeu o valor de comercialização da safra. O sucesso financeiro de uma lavoura só é conseguido de duas maneiras: ou se produz mais sem incrementar o custo de produção ou se produz o mesmo, mas com custo de produção menor.
Em tempos de fartura é recorrente o produtor exagerar no uso dos insumos de produção, como fertilizantes e agrotóxicos. Por conta do dinheiro abundante acontecem desperdícios no processo produtivo. O fertilizante, componente mais dispendioso nos custos da produção, poderia ser dispensado, eventualmente, dada a possibilidade de acúmulo de nutrientes no solo após anos de boa adubação. Se não dispensado no todo, talvez em alguns nutrientes como o fósforo, que pode acumular-se no solo por não ser lixiviado e nem volatilizado, como ocorre com outros nutrientes.
Para constatar essa possibilidade, só há uma maneira: realizar uma boa amostragem do solo e enviá-la para análise química de laboratório. Coletar uma amostra representativa da área a ser analisada, no entanto, não se consegue simplesmente colhendo uma pá de solo no meio da lavoura e manda-la para análise! É preciso colher várias amostras de distintos pontos do talhão considerado, até a profundidade de 20 cms, misturá-las adequadamente e, dessa amostra composta, retirar a que será analisada.
A análise do solo fornece informações precisas sobre quais nutrientes estão faltando no talhão analisado e a quantidade de fertilizante que se necessita adicionar para proporcionar à soja a máxima produtividade. Não é a quantidade de fertilizante o que determina o teto de produtividade, mas o seu equilíbrio nutricional segundo as necessidades da cultura. De nada servem centenas de kg de NPK, se o que falta àquele solo são algumas gramas de micronutrientes.
Na natureza o que vale é a Lei do Mínimo, que diz o seguinte: a produtividade de uma planta não é determinada pela quantidade de fertilizantes postos à sua disposição, mas pela quantidade daquele nutriente que estiver em menor quantidade: são os gargalos no processo produtivo que definirão o teto produtivo.
Na última década, o agricultor desfrutou de alguma folga financeira com os bons preços da soja no mercado internacional e com a fartura, algum dinheiro deve ter sobrado. Alguns produtores guardaram essas sobras para enfrentar os tempos de carestia, que sempre acompanham os da fartura.
Com dinheiro no bolso é mais fácil barganhar com os fornecedores de insumos e conseguir descontos significativos. Em tempos de lucro zero, esses descontos podem representar a táboa de salvação da safra. Outra possibilidade de faturar um lucro extra é a redução dos gastos com agrotóxicos, realizando o Manejo Integrado das Pragas (MIP). Estudo realizado pela Embrapa Soja e Emater-PR, em 107 propriedades do Estado na safra 2014/15, indicou que o custo com agrotóxicos no MIP foi inferior em mais de 50% do custo do manejo tradicional (R$ 144 vs. R$ 302/ha).
Estamos em período de crise, o qual estimula a criatividade. É em tempos de carestia que o agricultor fica mais sensível e receptivo a novidades tecnológicas, quando busca aperfeiçoamentos nas tecnologias de produção e na melhoria dos processos de gestão: compra dos insumos e venda da produção, por exemplo.
Aproveite a crise para refletir sobre formas de incrementar os lucros na sua lavoura, principalmente, evitando desperdícios.

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