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Estratégia no agronegócio – o momento é de investimento


Eleri Hamer
Em se tratando de agronegócio, principalmente o de grãos, o que se escreve hoje, pode não valer amanhã. Por isso, para aqueles que não forem afetados pela seca, a safra que parecia comprometida e perdida, começa a se tornar interessante. Mesmo tendo começado com preços baixos, altos custos, endividamento elevado e pouco crédito.
Assim, envoltos numa das maiores crises globais, ou pelo menos uma das que a mídia mais se dedicou e alocou espaço, pode se tornar uma oportunidade para quem estiver disposto e puder usar as estratégias corretas.
Vale lembrar que a importância relativa do agronegócio, e principalmente da agricultura e pecuária, no PIB (Produto Interno Bruto) tem caído ao longo dos últimos dez anos, o que pode demonstrar que outros setores têm evoluído mais se analisarmos o médio prazo. Principalmente se levarmos em consideração que a atividade agrícola de produção, sozinha, contribui com apenas 7%.
Mesmo assim, o agronegócio ainda representa ¼ da riqueza brasileira e é responsável por quase 40% das exportações, obtendo um superávit comercial que tem garantido também o de toda a nossa balança comercial por quase uma década.
Como já escrevi neste espaço, o estimulante para o agronegócio é que pelo menos nos próximos 10 anos, se nenhuma hecatombe acontecer, teremos uma demanda crescente de alimentos, o que a priori, deve ser um motivo para novos investimentos no setor.
De outro lado, o processo de inclusão alimentar e a ampliação prática da segurança alimentar, principalmente nos países em desenvolvimento e aqueles que tangenciam a linha da miséria, vai significar quase uma centena de milhões de pessoas ávidas por comida somente neste ano.
Por isso, ao contrário do comportamento da maioria, tenho visto com certa alegria empresários do agronegócio decidindo favoravelmente por novos investimentos, enquanto alguns estão se retraindo e com sérias dificuldades de operar.
Uma verdade secular é de que em momentos de crise aparecem as oportunidades, principalmente para aqueles que estão preparados. Ou ainda, para os negociantes de plantão que compram na baixa e vendem na alta.
O investimento a que me refiro não diz respeito somente à ampliação das atividades, mas principalmente nos processos de gestão, com investimentos em sistemas, na própria formação de equipes de trabalho e em conhecimento estratégico.
Outras oportunidades prementes e que normalmente surgem em períodos de desestabilização como a que estamos atravessando está nas novas atividades, ou atividades complementares.
Tenho acompanhado investimentos também em negócios que contribuem ou utilizam a atividade já desenvolvida, se transformando numa espécie de economia de escopo, uma contribuindo para a outra.
Como o mundo dos negócios vive de expectativas, pode-se afirmar que as mudanças positivas nos preços internos e a redução significativa dos custos já para a próxima safra podem conjuntamente estimular os novos investimentos no setor.
É óbvio que a capacidade de investimento está associado a uma gama de fatores, principalmente a natureza. Devemos salientar entretanto, que a condição de investir diz respeito somente àqueles que têm feito a lição de casa, que tem optado em recuar quando necessário e avançar quando as oportunidades surgem.
Um histórico de aguçado senso de oportunidade, austeridade emocional e gestão heterodoxa tem sido a mistura ideal do perfil daqueles que possuem hoje capacidade de investimento, quando a maioria está em sérias dificuldades financeiras e alguns até econômicas.
O amadorismo já não é mais tolerado no agronegócio há algum tempo, embora ainda faça vítimas a cada ciclo. Por isso, devo lembrar que escrevo para os empresários, sejam eles pequenos ou grandes, corporativos ou familiares, não para os aventureiros e tampouco para os espertalhões que procuram grandes lances de sorte e querem resolver os seus problemas sem dor e garantir o futuro numa única tacada.
Uma boa semana de Gestão & Negócios.

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