CI

Gestão da propriedade rural


Rogério de Melo Bastos

A atividade agropecuária é um negócio. Aliás, um grande negócio. Estas afirmativas estão alicerçadas nos números do setor. Enquanto as 500 maiores e melhores empresas que atuam no Brasil trabalharam em 2005 com uma média de 8,3% de margem das vendas (lucratividade), segundo revista Exame de junho de 2006, edição especial Maiores e Melhores, o setor agropecuário trabalhou em média com 50% de margem das vendas (média de vários segmentos: pecuária, grãos, horti-fruti), segundo o Banco de Dados da R & S Training Rural Ltda, empresa de consultoria empresarial rural.

Mesmo diante de fatores que destacam a agropecuária dos demais setores da economia, como o segmento com maior potencial de crescimento no Brasil, e mercados crescentes no mundo, os produtores rurais vivem dias difíceis em cada unidade de produção (propriedade rural).

Em primeiro lugar, é preciso encarar a sua unidade de produção ou propriedade rural como um empreendimento de negócios, ou seja, uma empresa. E como tal, adotar algumas ferramentas de gestão que poderão auxiliar o produtor rural – empresário rural a gerenciar o seu negócio. Neste particular é que encontramos a maior resistência do produtor rural, devido à uma série de fatores como, cultural, formação, tradição, etc.  O produtor rural precisa entender que produzir é só uma parte do seu negócio, e enquanto ele mantiver esta visão de produtor rural ficará limitado à produção. 

Atitude empresarial

O produtor rural precisa adotar uma nova atitude. Atitude empresarial. Para tanto, é necessário que enxergue a sua propriedade rural como uma empresa de fato. Nesta empresa há pessoas, equipamentos, terras, insumos para transformação e recursos financeiros para tocar o negócio. Diante disto, a principal ferramenta de gestão a ser adotada é o controle do Caixa, no qual o empresário terá condições de identificar todas as entradas e saídas, além do mais, saber onde está indo o dinheiro da empresa. Veja só, com o mesmo talão de cheques o produtor paga as contas de casa e as contas da fazenda. Não há mal nisso, desde que haja registros do desembolso e um bom controle do montante que pode desembolsar para as despesas pessoais. Temos visto em algumas empresas que assistimos que a partir do controle das despesas desembolsadas o empresário tem feito retiradas de caixa incompatíveis com o negócio. 

Qual deve ser o limite para retiradas pessoais da empresa rural? Apenas o lucro. Isto parece ser o óbvio, mas não é o que acontece no dia-a-dia do empresário produtor rural. Se ele manter de forma disciplinada esta atitude, de retirar apenas o lucro, sua empresa não descapitalizar-se-á, pois será mantido no circulante, ou no giro, da empresa valores que possibilitarão manter o funcionamento do negócio, caso contrário, o empresário terá que buscar recursos de terceiros para fazer a próxima safra. Para tanto, será necessário que o empresário saiba qual é o seu custo desembolsado de produção, o que será possível através do registro de saídas do caixa.

Outra prática de gestão referente ao caixa é a elaboração de um fluxo de caixa, ou seja, ordenar por períodos, preferencialmente mensal, todas as previsões de contas à pagar, parcelas dos financiamentos, bem como toda a previsão de entradas no caixa (como vendas, parcelas de vendas, empréstimos) afim de identificar eventuais "estrangulamentos" financeiros em alguns períodos do ano. Com um bom ajuste do fluxo de caixa é possível melhorar o resultado financeiro da empresa com a mesma produção. Com esta ferramenta é possível planejar a comercialização aproveitando as melhores oportunidades de venda e sazonalidade dos produtos agrícolas. É imprescindível ao empresário rural saber qual tem sido o seu ganho em cada momento de comercialização, até para poder fazer uma boa média de vendas e tomar a decisão de vender, pois a indecisão para comercialização dos produtos agrícolas dá-se principalmente pelo fato do produtor não saber qual tem sido a margem no momento daquela venda, pois não conhece o seu custo de produção.

Uma prática de gestão recomendada para que o empresário rural possa acompanhar o seu desempenho econômico, é o Balanço Patrimonial. Através desta ferramenta de gestão o empresário vai identificar o seu nível Capital de Giro, Grau de Endividamento, índice de liquidez e o Patrimônio Líquido. É através do acompanhamento dos indicadores do Balanço Patrimonial que o empresário terá sinais de alerta sobre a gestão do seu negócio. Caso não seja possível elaborar um Balanço Patrimonial no padrão contábil, faz-se uma relação de todos os bens e direitos (contas à receber) e outra de todos os compromissos (dívidas e contas a pagar) e o somatório de todos os bens e direitos menos o somatório de todos os compromissos será o valor do Patrimônio Líquido. Faça isso no início do calendário agrícola e repita o procedimento no final do calendário agrícola e a diferença encontrada do Patrimônio Líquido será o lucro ou o prejuízo verificado no período.

Mãos à obra e boa gestão!

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.