
Esta semana iniciou com a notícia de que EUA e China chegaram a um acordo sobre a guerra tarifária imposta por Donald Trump nos últimos meses. A decisão é de uma significativa redução das tarifas recíprocas, temporariamente (período de 90 dias). Os produtos chineses, comprados pelos EUA, passam a sofrer uma tarifa de 30% e os produtos estadunidenses, comprados pela China, uma tarifa de 10%.
Ainda são elevadas, no caso dos EUA, mas estamos diante de um claro distencionamento do litígio. Na prática, depois da quantidade de problemas, internos e externos, vividos pelos EUA diante da aplicação das tarifas (ver coluna anterior), Trump recua claramente. Já o havia feito com outros países mundo afora há pouco tempo. E o recuo confirma alguns cenários:
1) mesmo que ainda esteja longe de voltar ao que era, a nova postura estadunidense confirma que a ordem econômica estabelecida, consolidada pela globalização atual, ainda tem vida pela frente;
2) que o globalismo (mundo caminhando sob a “orientação” das entidades supranacionais criadas no pós-Segunda Guerra Mundial – FMI, Banco Mundial, OMC, ONU etc) continuará, embora enfraquecido nos últimos tempos;
3) que, conjunturalmente, o preço das commodities e o dólar tendem a se fortalecer no mercado mundial;
4) a China mostrou força e consolidou sua posição de liderança na geopolítica mundial, enquanto os EUA enfraqueceram;
5) o mundo passou a desconfiar da estabilidade da economia estadunidense, e terá mais cuidado em relação às possibilidades de proteção vindas de seus títulos públicos e do dólar;
6) em termos multilaterais, a economia internacional deverá se readequar às lições, mesmo que intempestivas, vindas dos EUA;
7) mesmo assim, por falta de uma Nação com economia forte o suficiente e/ou por falta de interesse por enquanto (caso da China), a liderança mundial continua com os EUA, porém, com este país bem mais enfraquecido em relação a confiança de seus pares.
Enfim, e não menos importante, no curto prazo, na esteira da possível alta das commodities, os produtores de soja talvez assistam a uma elevação de preços do produto, porém, o nível desta melhoria é uma incógnita. Pelo sim ou pelo não, a tendência é um mercado mais aliviado e buscando se reacomodar aos níveis anteriores ao “tarifaço”. Até quando?