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Manejo correto de aveia e outros cereais forrageiros pode garantir renda


Renato Serena Fontaneli

A aveia e outros cereais de inverno são de múltiplos usos em nossos sistemas agrícolas regionais, sendo primariamente destinados como cobertura do solo, forrageira para pastejo, forragem conservada na forma de silagem ou feno, grãos para alimentação humana e animal, ou manejados como duplo propósito. Ou seja, possibilita produção de forragem precoce durante o inverno e difere-se no início do elongamento das plantas para a produção de grãos.

O pastejo de cereais de inverno forrageiros ou de duplo propósito deve ser iniciado, usando-se uma compatibilização de três critérios: a) estatura de planta, b) dias após a emergência e, c) forragem disponível. O pastejo deve ser iniciado quando as plantas atingem altura de aproximadamente 30 centímetros, sendo atingida em média aos 60 dias após a emergência, variando de 6 a 10 semanas. O primeiro pastejo pode ocorrer com seis semanas quando o outono é ameno e 10 semanas quando é semeada tardiamente no outono, ou início do inverno, ou ainda quando o outono é mais frio. Outro critério para iniciar o pastejo é definido através de amostragem da quantidade de forragem verde. Cortando-se as plantas a uma altura de 7 cm da superfície do solo (altura de resteva recomendada) e obtém-se 0,8 a 1,0 kg/m2 de pasto fresco. No período vegetativo considerando-se uma concentração média de 15% de massa seca (MS), corresponde a 1.200 a 1.500 kg de MS/ha. O segundo pastejo, em função da área foliar remanescente e da adubação nitrogenada realizada após o pastejo, reduz o intervalo para 28 a 35 dias (4 a 5 semanas). O mesmo ocorre com o terceiro pastejo.

Outra preocupação importante é relacionada a compactação do solo. Para a compactação ser evitada os animais devem pastejar as forrageiras quando o solo não apresentar excesso de umidade. Observando-se criteriosamente o exposto, pode-se esperar lotações médias de dois a quatro bovinos com peso médio de 300 a 350 kg durante o início do pastejo, que se estenderá de meados de maio/junho a fins de setembro-outubro, com ganhos médios diários de aproximadamente 1,0 kg/novilho e de 150 a 500 kg/ha. Durante o período de excesso de umidade, pode-se manejar os bovinos em áreas de campo nativo melhoradas com a introdução de aveia singular ou consorciada. Atenção especial deve ser dada à adubação nitrogenada em pastagens no primeiro ano de melhoramento e, especialmente, as compostas somente de gramíneas.

Para estender o período de pastejo, pode-se recorrer a consorciações com outras forrageiras como o azevém e leguminosas que também melhoram o valor nutritivo da forragem consumida resultando em maior rendimento em carne e leite.

A utilização eficiente dos cereais de inverno deve ser analisada como sistema de produção, seja exclusivo de produção de grãos ou participantes na integração lavoura-pecuária. A análise econômica é muito importante, mas também deve ser considerado a compatibilidade de rotação de culturas, conversão e balanço energético e impacto ambiental. Para melhorar a sustentabilidade dos sistemas agrícolas regionais, há necessidade de mudanças do paradigma de ganhos máximos em cada safra, quando os riscos são maximizados, para ganhos médios proporcionados pelo planejamento de médio e longo prazos utilizando-se as informações disponibilizadas pela pesquisa que minimizam riscos econômicos e ambientais.

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