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Novas pragas para as lavouras do Brasil?


Amélio Dall’Agnol
Em nota recente, a ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal) comunicou a presença, no Brasil, de dois insetos-praga exóticos: Mosca-da-haste da soja (Melanagromyza sp.) e uma “prima” da Helicoverpa armigera (Helicoverpa punctigera), além de uma nova planta daninha (Amaranthus palmeri), todos potenciais problemas para culturas como a soja, o milho e o algodão. A nota alerta que a pesquisa brasileira ainda não avaliou os possíveis impactos negativos da sua presença e tampouco tem certeza de que os exemplares de (H. punctigera) encontrados no Ceará seriam realmente a praga anunciada. O MAPA está alerta. 
No entanto, seria desejável que o agricultor, ao preocupar-se com os potenciais danos desses novos inimigos da sua lavoura, não se estressasse em demasia, igual ocorreu com a H. armigera, que resultou, ao final das contas, num problema muito menor do que o justificado pelo pânico desencadeado quando da confirmação da sua presença no oeste baiano, onde o uso excessivo de agrotóxicos no algodão havia, aparentemente, causado um desequilíbrio ecológico. Isto reforça a importância do manejo integrado de pragas, na preservação dos inimigos naturais das mesmas.
Potenciais organismos maléficos às lavouras, tanto podem ser introduzidos quanto podem já estar presentes no país sem terem sido percebidos, porque sua presença é discreta, não causando danos econômicos visíveis. Há relatos da pesquisa indicando a presença da mosca da haste (Melanagromyza sp.) no Rio Grande do Sul, desde 1983. A praga, no entanto, não evoluiu para merecer a atenção de técnicos e produtores, permanecendo como praga secundária - talvez pela ação dos seus inimigos naturais. 
A mosca da haste é praga importante na Austrália e Nova Zelândia. Aparentemente, teria sido encontrada também no Paraguai e na Argentina, desde onde teria migrado para o Brasil. Nada indica que ela evoluirá para tornar-se praga importante no país, podendo permanecer oculta como aconteceu durante as últimas décadas.
 Quanto à nova variedade de lagarta (Helicoverpa punctigera), cuja presença ainda carece de confirmação, ela seria tão agressiva quanto sua “prima” armigera.  Segundo dados da Austrália (seu habitat preferencial), o potencial de perdas pelo ataque desse inseto seria de até 16 sacas/ha de soja, 54 sacas/ha de milho e 76 sacas/ha de algodão. Estes resultados, no entanto, poderão não se repetir para as condições brasileiras, se e quando a praga efetivamente chegar ao país. 
O terceiro problema veiculado pela imprensa, é a planta daninha Amaranthus palmeri, principal invasora do algodão e da soja nos Estados Unidos (EUA). Lá, ela se apresenta como invasora agressiva, podendo causar perdas de até 91% na cultura do milho, 79% na soja e 77% no algodão. Sua presença foi detectada recentemente no Brasil (em três propriedades do Mato Grosso). É invasora de difícil controle químico, o que torna o seu combate difícil, sinalizando sobre a importância de eliminar os focos iniciais no seu nascedouro, evitando, assim, o alastramento da invasora pelo país. Concretamente, o MAPA está tomando medidas para eliminar os focos originais.
Pragas e doenças exóticas podem chegar ao Brasil via introdução de plantas, no casco de navios, na fuselagem de aeronaves, na roupa ou sapatos de humanos, no corpo de animais domésticos ou selvagens ou pelo vento. O intenso trânsito de pessoas e animais pelo mundo moderno tem facilitado a disseminação de pragas e doenças, principalmente quando da realização de grandes eventos desportivos como a Copa do Mundo de Futebol ou a Olimpíada. 
É bom prevenir, pois é mais eficiente e barato do que remediar. 
 

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