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O novo cenário macroeconômico brasileiro e o conhecimento dos pequenos investidores


Vinícius André de Oliveira
É de conhecimento de todos que investir no Brasil exigirá muito mais disciplina, dedicação e conhecimento à partir de agora. Isso se deve às diversas mudanças na economia. Um exemplo é a gradativa queda da taxa básica de juros desde a implantação do plano real. Além disso, há mudanças pontuais realizadas pelo governo com base no que este considera ser o melhor para o equilíbrio da macroeconomia - vide mudanças com relação ao rendimento da poupança.

Já não é mais possível ganhar dinheiro com uma carteira de investimentos elaborada de forma simplória composta apenas por uma dose de renda fixa, um plano de previdência, uma pequenina parcela em ações – basicamente ações da Vale e Petrobrás, que outrora traziam rendimento certo e razoável – e talvez alguma aplicação em títulos do Tesouro Nacional.
O investidor agora precisa muito mais. Será que ele está preparado para essa nova fase? Tenho a impressão de que não. O problema já começa na falta de conhecimentos gerais sobre o mercado financeiro e pior, sobre suas próprias finanças.
Um estudo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais – Anbima, revelou que 62,2% da população brasileira não faz uma planilha de controle de gastos mensais, ferramenta essencial para que se tenha noção quantitativa do que se pode investir considerado o ganho mensal. Outro dado interessante mostrado pela pesquisa é que 37,7% das pessoas acreditam que a conta corrente é um produto de investimento onde, ao contrário, o banco cobra pelo seu uso. Outra parcela da população, mais especificamente 43,2%, disse que a poupança é o investimento mais rentável para aplicações entre 10 e 20 anos. Independentemente do prazo a poupança terá rendimento praticamente fixo e agora com grande possibilidade de obter rentabilidade negativa, ou seja, abaixo do índice de inflação, fato que pode acontecer também com alguns fundos DI e renda fixa, pois sobre estes pesa também a taxa de administração.
Outro fato estarrecedor é que 43,8% das pessoas acreditam que diversificar os investimentos aumenta o risco. E por fim, apesar de 46% da população conseguir fazer sobrar dinheiro no final do mês, 13% destes não sabem o que pretendem fazer com o dinheiro. Como montar uma carteira de investimentos sem que se tenham objetivos definidos? É requisito básico para a alocação dos recursos. Seja para uma aposentadoria mais tranquila, seja para pagar a faculdade do filho daqui a dezoito anos ou para construir uma casa daqui a cinco, elaborar um plano de investimento é fundamental.
Portanto, acredito que o pequeno investidor no Brasil ainda está engatinhando frente a esse novo cenário econômico estabelecido e precisa ser praticamente alfabetizado com relação a todos os requisitos que o mundo financeiro exige a começar por estudar o mercado, realizar uma autoanálise a fim de descobrir em que tipo de investidor se enquadra, buscar informações com profissionais qualificados e não ser tão dependente do gerente de banco e, principalmente, realizar o básico que é organizar o orçamento mensal pois, sem esse passo nenhuma das outras etapas será possível.
Certamente o mercado financeiro e de capitais oferece boas oportunidades para quem está bem preparado e atento às mudanças.

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