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Os menos confiáveis dirigem o Brasil e o mundo


Eleri Hamer
A coqueluche das pesquisas sobre as profissões foi revelada respectivamente no início de junho e na semana passada pela GFK, um dos maiores grupos de pesquisa de mercado do mundo, criado há 70 anos na Alemanha e presente em 115 países, inclusive no Brasil onde atua há 22 anos.
O principal documento publicado é o GFK Trust Index 2009 realizado anualmente na Europa e nos EUA para analisar a confiança em relação a 20 diferentes profissões e organizações. Neste ano, foi realizado entre fevereiro e março com mais de 17.000 entrevistados de 16 países europeus, nos Estados Unidos e 1.000 pessoas no Brasil.
Os resultados são bastante interessantes se considerarmos principalmente as profissões e organizações que efetivamente governam os países em democracias consolidadas, capaz de permitir a identificação dos possíveis níveis de satisfação em relação aos rumos e o modo como estes desempenham as suas atividades.
É de lamentar que principalmente as profissões públicas, justamente aquelas que deveriam ser os guardiões da confiança cidadã, ocupam as piores posições no referido ranking, dando mostras de que o país ainda engatinha em se tratando de compromisso com as funções que demandam compromissos compartilhados.
Especificamente no Brasil, nas piores colocações estão os políticos (20º.), executivos de bancos (19º.), policiais (18º.), sindicatos (17º.) e o funcionalismo público (16º.), ao passo que no cenário europeu e americano os mesmos ocupam respectivamente 17º., 14º., 6º., 11º. e 8º.
Nota-se que os políticos, de um modo geral, possuem má fama, ocupando a última posição, tanto no cenário nacional como internacional, uma lástima para aqueles que gerenciam e definem o futuro de gerações.
Dois detalhes interessantes entre os menos confiáveis nos dois cenários dizem respeito aos policiais e o funcionalismo público. Enquanto que no Brasil estão entre os menos confiáveis, na Europa e nos EUA ocupam respectivamente a 6ª. e 8ª. posições nos mais confiáveis. Esta dicotomia demonstra o quanto ainda necessitamos avançar na qualificação de serviços essenciais, já solucionados em outros países.
Na outra ponta da lista, a dos mais confiáveis, estão profissões elementares com forte compromisso pessoal onde, no ranking nacional, estão bombeiros, carteiros, médicos, e professores do ensino fundamental. Curioso é que estas posições praticamente coincidem com a outra lista que leva em consideração a Europa e os EUA.
A análise sempre diz respeito a percepção e o interesse em demonstrar particularidades do analista. Mas algo evidente está justamente no fato de que as melhores posições são ocupadas por profissões que dependem ou estão vinculados a esforços individuais e normalmente não tem a função de propor políticas de desenvolvimento ou que influenciam o futuro de um país no longo prazo.
Ao contrário e infelizmente, as piores posições são ocupadas por aqueles que têm nas suas funções a possibilidade evidente e histórica de influenciar o futuro do país ao propor e auxiliar na implantação de políticas públicas e privadas capazes de reordenar ou mantê-lo competitivo no cenário internacional.
É óbvio que cada profissão tratou de tirar o seu quinhão, fazendo a interpretação dos dados a seu modo, para isso basta entrar na internet.
Um caso em particular chama a atenção: o paradoxo sobre a posição dos jornalistas, que curiosamente estão no seleto grupo dos profissionais com maior índice de credibilidade no caso brasileiro (5º.), enquanto nos demais países estão entre os menos confiáveis (12º.).
Boa parte desta discrepância pode estar justamente no nível de compreensão sobre a influência que possuem, considerando-se a diferença do nível intelectual destas duas realidades e a capacidade de interpretação.
Para lembrar, em relação aos jornalistas, os motivos apresentados para que a profissão esteja em baixa na confiança popular no cenário internacional vem dos casos de manipulação da informação já amplamente conhecidos, mas de um público seleto que está efetivamente bem informado. Algo que no Brasil ainda é privilégio de poucos.
Boa semana de Gestão & Negócios.

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