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OUTRO DESAFIO: aumentar o investimento (I)


Argemiro Luís Brum

Outro desafio que o futuro governo brasileiro terá, dentre tantos que batem à porta, está em aumentar o investimento em infraestrutura, tecnicamente conhecido como Formação Bruta do Capital Fixo (FBCF). Os investimentos são o indicativo se haverá, ou não, capacidade de crescimento econômico futuro por parte de um país. Pois bem, no Brasil, tanto os investimentos privados quanto públicos, são muito baixos e decrescentes na última década. E isso vai muito além da pandemia e da guerra no Leste Europeu, pois aumentar o investimento fixo depende de competência e estratégia de governo. Ora, as evidências atuais apontam para um desinvestimento no Brasil, o que explica, em muito, a paralisia estrutural de nossa economia. Dados internacionais do FMI, projetados para 2022, mostram que o Brasil está em 147º lugar, de um total de 170 países no ranking da razão FBCF/PIB, a nível agregado. A taxa brasileira, de 17,1% do PIB é, tão somente, pouco mais da metade na comparação com países de economia semelhante, caso da Turquia e Índia. Neste comparativo, ficamos atrás, inclusive, da Rússia, Colômbia, Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Peru e Equador, por exemplo. Especificamente, em relação ao investimento público, a partir de dados da OCDE, em 2019 o Brasil atingia a 1,67% do PIB, ou seja, apenas a metade da média dos países que compõem a Organização. Neste sentido, conforme a FGV, o mais espantoso, além de estarmos atrás de outras economias emergentes, é retrocedermos rápida e gravemente na infraestrutura básica em relação ao nosso passado recente. Nosso total de investimentos em infraestrutura, a preços de 2021, foi de apenas R$ 147 bilhões nesse ano, contra R$ 207,5 bilhões em 2014. Já o estoque específico de capital, na infraestrutura, atingiu o seu auge em 53,7% do PIB, em torno de 1990. Três décadas depois o mesmo recuou para 37,4%. Ou seja, em 2021 se investiu 1,73 contra uma necessidade de 3,64 pontos do PIB. Pior: o investimento líquido do governo federal (investimento bruto menos a depreciação do estoque) é negativo desde 2015. Nosso comportamento é tão medíocre que, entre 2010 e 2021, o investimento público líquido ficou em 0,26% do PIB. Ou seja, desde então, a colaboração dos governos, no investimento do país, tem sido pífia (FGV-Conjuntura Econômica, jul/22). (segue)  

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