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SUSTENTABILIDADE, o que você sabe sobre ela?


Amélio Dall’Agnol
Antes da década de 1990, sustentabilidade era uma palavra pouco conhecida dos brasileiros. Preocupações ambientais não estavam na pauta do governo, nem da sociedade, e muito menos dos agentes produtivos. Mas isto mudou.  De modismo, a sustentabilidade ganhou força e passou a ser considerada uma questão de sobrevivência para o Planeta. 
O termo assumiu maior importância a partir da II Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92) da ONU, realizada no Brasil, em 1992, que definiu o desenvolvimento sustentável como aquele realizado de forma a garantir a satisfação das necessidades da geração presente, sem comprometer a sobrevivência das gerações futuras.
Na percepção da ONU, o atual modelo de desenvolvimento está afetando a sustentabilidade dos recursos naturais do Planeta e algo precisa ser feito para reduzir as causas dessa deterioração ambiental, principalmente a redução dos gases que promovem o efeito estufa (GEE), muito especialmente o gás carbônico (CO2), produzido a partir da queima dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural). 
Proximamente ocorrerá em Paris outro evento da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, o qual buscará obter dos países maior compromisso sobre cotas futuras de redução dos GEE. Será uma nova tentativa de reativar o Protocolo de Quioto (1997), onde haviam sido estabelecidas metas que não foram cumpridas. Outras tentativas pós Quioto, também falharam.
Os cientistas da ONU tentam, sem muito êxito, convencer os governos dos países mais comprometidos com a emissão de GEE, de que são sérias as ameaças de colapso do Planeta, se nada for feito. O Brasil já começou a ser palco de eventos climáticos extremos, como os tufões, fenômenos que não ocorriam por aqui. 
Para frear a emissão dos GEE só há um jeito: reduzir a queima de combustíveis fósseis, reduzir os desmatamentos e maximizar estratégias de sequestro do carbono, como a recuperação de áreas degradadas, uso do Sistema de Plantio Direto na palha (SPD), integração lavoura/pecuária/floresta, reflorestamento de áreas não agricultáveis e aumento da fixação biológica do nitrogênio pelas culturas, reduzindo o gasto de energia decorrente do uso de adubos minerais. Essas estratégias têm potencial para estocar grandes quantidades de carbono no solo, via incremento do seu teor em matéria orgânica. Solos ricos em matéria orgânica são um grande depósito de carbono na forma orgânica, o que melhora as propriedades químicas e físicas do mesmo, incrementando o potencial da produtividade dos cultivos.
O Brasil está fazendo a sua parte para reduzir os GEE, tendo-se comprometido perante a ONU a reduzi-los em cerca de 37%, até 2020. A parte do leão desse compromisso foi assumido pela agropecuária, através do Programa ABC (agricultura de baixo carbono), que prometeu recuperar 15 milhões de hectares (mi ha) de pastagens degradadas, incorporar 4 mi ha no sistema integrado lavoura-pecuária-floresta, incrementar em 8 mi ha o SPD, aumentar o uso da fixação biológica do nitrogênio em 5,5 mi ha, acrescentar 3 mi ha em florestas plantadas e tratar 4,4 milhões de m³ de dejetos animais. 
Mas o desenvolvimento não será sustentável apenas porque não gera passivos ambientais. Precisa, ademais, ser economicamente rentável e socialmente justo. Pobreza e destruição ambiental estão intimamente relacionados, pelo que fracassaria qualquer programa de proteção ambiental que não tomasse em consideração os pobres que sobrevivem da exploração dos recursos naturais. 
Primeiro comer, depois filosofar. 

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