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Testes de desempenho reprodutivo a partir do comportamento sexual do touro


Danielle Maria Machado Ribeiro Azevêdo

Danielle Maria Machado Ribeiro Azevedo

Pesquisadora da Embrapa Meio-Norte

Parnaíba, 13 de dezembro de 2007. No artigo intitulado “A importância do comportamento sexual dos touros em rebanhos de corte sob sistema de monta natural” foi exposto como a pesquisa sobre comportamento sexual em bovinos pode ser importante para o incremento dos índices reprodutivos e na redução dos custos de manutenção de um maior número de reprodutores na propriedade.

O comportamento sexual apresenta dois componentes: a libido – espontaneidade do macho em montar e efetuar a cópula, e a capacidade de serviço – número de montas ou serviços completos realizados pelo touro em um tempo predeterminado. Estes dois componentes, libido e capacidade de serviço, são a base para os testes de mensuração do desempenho sexual de bovinos, desenvolvidos na década de 1970.
Os dois testes de desempenho sexual mais utilizados são o desenvolvido por Chenoweth (1974) e modificado por Pineda et al. (1997) e o de Blockey (1981). Este último, também conhecido por “teste de capacidade de serviço”, consiste em imobilizar vacas em troncos de contenção e submetê-las ao apetite sexual de certo número de touros (o número de touros deve ser sempre superior em uma unidade o número de fêmeas contidas, por exemplo, para cada 20 fêmeas, 21 machos). Dura de 20 a 40 minutos e o resultado é medido em número de montas que cada touro executou durante este tempo. Tem sido pouco usado no Brasil em decorrência das características dos rebanhos brasileiros onde ocorre elevada percentagem de gene zebuíno, principalmente de Nelore, raça em que a hierarquia social é bem definida e os machos vassalos somente montam quando o dominante permite. Outra desvantagem de sua utilização em rebanhos brasileiros é que as fêmeas utilizadas não estão em cio, o que não inviabiliza a monta por touros de origem européia, mas é um empecilho na utilização para teste de capacidade de serviço de machos de origem indiana, para os quais a imobilidade da fêmea (contida no tronco) não é suficiente para que se sinta atraído a copular, sendo exigidos outros atrativos sexuais como os feromônios, por exemplo.
Assim, considerando as interferências que podem ocorrer no teste de capacidade de serviço, como a dominância ou a hierarquia sexual, o teste de libido, desenvolvido por Chenoweth ainda na década de 1970, e modificado por Pineda et al. (1997) é adotado pelo Colégio Brasileiro de Reprodução Animal, como preferencial em rebanhos de origem zebuína. O teste deve ser realizado em currais pequenos (20 x 20 m), com fêmeas no cio, em silêncio e, de preferência, sem que os animais visualizem os observadores. Dura dez minutos e os escores de avaliação variam de zero a dez, conforme Quadro 1. De acordo com a pontuação obtida, os touros são classificados em quatro grupos: nota de 0 a 3 = questionável, 4 a 6 = bom, de 7 a 8 = muito bom e de 9 a 10 = excelente.
A alteração na tradicional proporção touro:vaca de 1:25 para 1:40, 1:60 ou até mesmo 1:80 pode e deve ser reavaliada, de acordo com o resultado do teste de libido. É oportuno, entretanto, ressaltar que, além do teste de libido, o exame andrológico completo do touro deve ser realizado, para que suas características seminais possam ser avaliadas quanto aos aspectos físicos e morfológicos, bem como sua biometria testicular e condição corporal.

Em adição, a identificação de touros de alta libido no rebanho permite a redução na duração da estação de monta, facilitando, portanto, o manejo na propriedade, visto que os nascimentos também serão concentrados. Assim, é possível obter lotes de bezerros mais homogêneos, o que implica em maior facilidade de comercialização dos produtos.

Pelo que foi exposto, percebe-se que a utilização de teste de desempenho pelo método de Chenoweth (1974), aliado ao exame andrológico e à nutrição adequada do touro resultam em lucro para o proprietário. Assim, aconselha-se que os produtores passem a utilizar touros testados em seu rebanho, evitando a escolha de reprodutores apenas pelos aspectos fenotípicos do animal, pois esta característica, por si só, pode não responder às necessidades, tornando-se um estrangulamento da atividade do produtor de bovinos de corte em sistema de monta natural.

 

Quadro 1 – Classificação da libido em touros zebuínos

Pontuação
 Conduta sexual
0
 Sem interesse sexual
1
 Identificação da fêmea em cio
2
 Olfação e perseguição insistente
3
 Tentativa de monta sem salto, com mugido, deslocamento e masturbação
4
 Tentativa de monta sem salto, com pênis exposto
5
 Tentativa de monta com salto e pênis exposto
6
 Duas ou mais tentativas de monta com salto, sem pênis exposto
7
 Tentativas de montas com salto e pênis exposto, sem introdução
8
 Duas ou mais tentativas de monta com salto e pênis exposto, sem introdução
9
 Monta com serviço completo
10
 Duas ou mais montas com serviço completo
 
Fonte: Pineda et al. (1997).
Referências Bibliográficas

BLOCKEY, M.A.B. Development of a serving capacity test for beef bulls. Applied Animal Ethology, v. 7, p. 307-319, 1981.

PINEDA, N.R. et al. Comparação entre dois testes de avaliação do comportamento sexual (libido) de touros Nelore (Bos indicus indicus). Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 21, p. 29-34, 1997. 

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