CI

Utilização de sistemas sisvipastoris para produção de leite bovino


Danielle Maria Machado Ribeiro Azevêdo

                                                        
Parnaíba, 12 de dezembro de 2007. A produção de leite no Brasil passa por uma grande transformação em virtude da nova realidade econômica mundial, com a adoção de modernas tecnologias visando o incremento da produtividade. A modernização é decisiva para que a produtividade leiteira evolua de um modelo extrativista para um modelo competitivo-sustentável, considerando também o conforto e o bem-estar animal.
Nas regiões tropicais e sub-tropicais, onde as condições de clima prevalentes acarretam a baixa produtividade de raças bovinas especializadas para leite, selecionadas em regiões temperadas, minimizar os efeitos prejudiciais do clima tem sido uma preocupação constante dos produtores e pesquisadores.  A avaliação do comportamento natural dos bovinos em determinado ambiente visando seu bem-estar tem sido fundamental na definição da raça e do manejo a ser utilizado na produção de leite bovino. 

Nesse sentido os sistemas silvipastoris ou agroflorestais pecuários, onde o animal é um componente fundamental no sistema, têm sido bastante pesquisados nos últimos anos. Estes sistemas têm, como fator positivo a redução do estresse térmico dos animais através do sombreamento natural das árvores.

A sombra é um importante fator no conforto animal. Assim, o comportamento de busca por ambientes termoneutros pelos animais é visível em dias em que a temperatura ambiente está elevada. Ao  implantar árvores, no entanto, o produtor deve levar em consideração alguns pontos importantes. O primeiro deles é evitar utilizar árvores cujos frutos causem engasgamento nos bovinos. Isso é resolvido utilizando-se árvores com frutos pequenos, que passem facilmente pelo esôfago do animal. Também é importante não utilizar árvores para sombreamento que possuam frutos, folhas ou casca tóxicas aos animais. Em adição, a direção das árvores dentro da propriedade deve ser norte-sul, para que haja sombra disponível durante maior parte do dia. É interessante priorizar árvores nativas como, por exemplo, a faveira (Parkia platycephala Benth.).

 Além da importância para a manutenção da homeotermia do animal (equilíbrio térmico), as árvores atuam na conservação do solo nas áreas de pastagens e na manutenção adequada da cobertura vegetal, visto que permitem uma proteção física para a pastagem, reduzindo a velocidade dos ventos e o impacto provocado pelas chuvas sobre a superfície do solo, permitindo uma maior infiltração de água e reduzindo a evaporação.

É preciso, no entanto, enfatizar que para o sucesso dos sistemas silvipastoris é necessário que a espécie forrageira que fará parte do sistema seja adequada. Devem ser considerados não apenas a tolerância ao sombreamento, mas também sua capacidade de produção, o manejo que será adotado e as condições edafoclimáticas da região.

Em adição, o sistema silvipastoril, quando manejado de forma correta, pode ser um gerador de renda extra ao produtor, pela utilização de árvores para venda da madeira ou mesmo da utilização de mourões vivos na propriedade. Assim, é considerável a importância de estudos de novos modelos de sistema silvipastoril que possam ser utilizados em pecuária leiteira de forma sustentável.

Danielle Azevedo, pesquisadora da Embrapa Meio-Norte

Ernando de Oliveira Macedo, Fabrícia Caetano Pereira, Glauco Lima de Oliveira (estudantes de Agronomia da Uespi, estagiários da Embrapa Meio-Norte)

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.