Setor sucroenergético enfrenta volatilidade

A semana terminou com mais uma rodada de quedas expressivas no mercado futuro de açúcar em Nova York, com o contrato março/26 encerrando a 14,42 centavos de dólar por libra-peso, acumulando retração de 55 pontos, que é equivalente a cerca de US$ 12 por tonelada. Segundo análise do consultor em agronegócio Arnaldo Luiz Corrêa, o ambiente segue contaminado pelo pessimismo pós-“semana do açúcar”, refletindo o excesso de negatividade e o movimento especulativo dos fundos.

Os números da UNICA indicam moagem acumulada de 525 milhões de toneladas de cana, com expectativa de alcançar 595 milhões até o fim da safra, sustentada por um ATR médio de 136,27 kg/t e mix açucareiro de 52,36%. Isso mantém a projeção de 40,5 milhões de toneladas de açúcar, podendo cair para 40 milhões caso cresça a produção de etanol em março. O Brasil exportou 33,3 milhões de toneladas nos últimos 12 meses e ampliou em 6% sua fatia no mercado global, o que reforça a posição do país como principal fornecedor mundial.

A queda recente é atribuída à rolagem excessiva das posições das usinas, cerca de 3 milhões de toneladas ainda pendentes de fixação, e à pressão dos fundos especulativos, que mantêm posição vendida estimada em 225 mil lotes. Mesmo assim, analistas veem possibilidade de recuperação, já que historicamente os fundos não sustentam vendas em mercados invertidos.

O sentimento predominante é de que o mercado já absorveu as más notícias. Agora, investidores aguardam novos gatilhos, como a divulgação da posição dos fundos pelo CFTC, para indicar uma possível reversão. Até lá, o cenário segue de cautela, com expectativa de que o equilíbrio volte gradualmente nas próximas semanas. “O sentimento predominante é de que as más notícias já estão no preço. O jogo continua aberto, mas neste momento, a palavra-chave é paciência”, conclui.