Soja: compromisso chinês levanta dúvidas no mercado
Enquanto os EUA tentam recuperar espaço, o Brasil deve exportar 112,5 milhões de t
Enquanto os EUA tentam recuperar espaço, o Brasil deve exportar 112,5 milhões de toneladas - Foto: United Soybean Board
Desde o acordo comercial “quadro” firmado em 30 de outubro entre Estados Unidos e China, cresce a dúvida se Pequim realmente cumprirá o compromisso de adquirir 12 milhões de toneladas de soja americana em 2025 e 25 milhões de toneladas anuais entre 2026 e 2028. Apesar de embarques recentes terem reativado o fluxo, especialistas consideram que os volumes ainda estão muito distantes das metas e dificilmente serão atingidos no curto prazo ou nos três anos seguintes.
Segundo a Reuters, seis carregamentos estão sendo preparados nos portos do Golfo do México e um já está a caminho, marcando o primeiro embarque desde a primavera. No entanto, mesmo com 1,584 milhão de toneladas compradas em apenas três dias na semana de 16 de novembro, o total acumulado fica muito abaixo da meta, faltando menos de um mês para o encerramento do ano. Para o economista-chefe do StoneX Group, Arlan Suderman, a China tende a comprar apenas o suficiente “para aparentar que está ativa”, e o mercado já precificou algo em torno de 8 a 10 milhões de toneladas, mas o número real pode chegar apenas a 3 a 3,5 milhões.
Além disso, o USDA reduziu sua projeção de exportações de soja dos EUA para 44,5 milhões de toneladas em 2025/26, queda de 13% ante o ciclo anterior. A limitação de armazenagem na China e a forte concorrência do Brasil, que segue ampliando a produção e ofertando soja a preços mais competitivos, colocam ainda mais pressão sobre os norte-americanos.
Enquanto os EUA tentam recuperar espaço, o Brasil deve exportar 112,5 milhões de toneladas em 2025/26, segundo o USDA, consolidando-se como principal fornecedor. A urgência se intensifica diante de um dado simbólico: as inspeções de soja para exportação dos EUA no acumulado do ano caíram 46% frente ao período anterior, mostrando o custo da ausência chinesa e reforçando o risco de o acordo não sair do papel como anunciado.