CI

Plantio da soja avança, mas clima e câmbio trazem incertezas

Soja brasileira enfrenta pressão externa e volatilidade cambial


Foto: Pixabay

Apesar do avanço do plantio no Brasil, o mercado da soja enfrenta volatilidade com reflexos do cenário político nos EUA e aumento da concorrência externa. Exportações brasileiras seguem em ritmo histórico, mas pressão de preços exige atenção.

Com o fim do vazio sanitário, a semeadura da safra 2025/26 de soja ganhou força no Brasil, especialmente no Mato Grosso, Paraná e Goiás. No entanto, o avanço ainda é desigual: enquanto o Paraná já semeou 11% da área, Santa Catarina alcançou 2,3% e São Paulo apenas 3,4%, com plantios restritos a áreas irrigadas. A falta de chuvas mais consistentes continua sendo um obstáculo em estados como o Mato Grosso do Sul.

Segundo dados da Grão Direto, o ritmo do plantio deverá acelerar nas próximas semanas, caso as condições climáticas melhorem. No entanto, há preocupação com o impacto do fenômeno La Niña, que pode reduzir ainda mais as chuvas e comprometer o desenvolvimento das lavouras nos próximos meses.

Soja brasileira enfrenta pressão externa e volatilidade cambial

A semana foi marcada por oscilações mais brandas nas cotações em Chicago. O contrato para novembro de 2025 fechou a US$ 10,17 por bushel, com alta de 0,30%. Para março de 2026, o avanço foi de 0,19%, atingindo US$ 10,51 por bushel. No Brasil, a queda de 0,19% do dólar, que encerrou cotado a R$ 5,33, ajudou a conter maiores impactos nos preços internos.

Entretanto, a paralisação do governo dos Estados Unidos — primeiro shutdown em quase sete anos — adiciona incertezas ao mercado global. A suspensão de serviços públicos e a interrupção na divulgação de dados econômicos importantes afetam diretamente as projeções e decisões comerciais.

Além disso, a concorrência da Argentina preocupa: a suspensão temporária das retenções sobre a soja permitiu ao país vizinho oferecer produto a preços mais baixos, ganhando espaço nas vendas para a China, principal destino das exportações brasileiras.

Exportações batem recorde, mas prêmios caem

Mesmo diante de desafios, o Brasil atingiu um volume histórico de exportações: 101,4 milhões de toneladas de soja embarcadas ou programadas, conforme dados da Secex e da Anec. A China segue como principal compradora, absorvendo cerca de 75% do total.

Apesar do desempenho, o aumento da oferta global pressiona os prêmios pagos pela soja brasileira, resultando em queda nos preços internos. A combinação de câmbio instável e demanda aquecida, porém, mantém o mercado em alerta, especialmente com as negociações entre Estados Unidos e China previstas para as próximas semanas.

Com um cenário internacional sensível e o plantio ainda limitado em algumas regiões, o mercado da soja deve manter postura cautelosa. A estabilidade das cotações em Chicago pode ser compensada pela variação cambial, enquanto o comportamento climático no Brasil será determinante para o potencial produtivo da safra.

 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.