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Alguns efeitos da guerra


Argemiro Luís Brum

No momento em que escrevíamos essa coluna havia movimentos visando encerrar a guerra provocada pela Rússia, contra a Ucrânia. Isso porque o conflito se dá no coração da Europa do Leste, envolvendo uma importante potência nuclear e econômica (a Rússia), por onde passam os gasodutos e oleodutos que abastecem a Europa Ocidental em gás e petróleo, além de a região ser uma grande fornecedora de trigo e milho ao mundo, e importante importadora de bens em geral, sendo estratégica para o transporte global.

Em região de menor importância, a reação, talvez, fosse até inexistente, como há inúmeros exemplos mundiais. No caso presente, independente dos interesses geopolíticos em jogo, que são muitos e importantes, um tal conflito causa grandes problemas econômicos ao mundo. Em um momento em que as economias do Planeta ainda não se recuperaram dos estragos provocados pela pandemia da Covid-19. No Brasil, os efeitos negativos podem definitivamente nos afundar em recessão econômica, dependendo da duração do conflito. De imediato, a Bolsa recua, o Real volta a se desvalorizar, o sistema comercial é atingido, o frete sobe, os produtos que importamos aumentam de preço, repercutindo no custo de vida, elevando ainda mais a inflação. Na esteira, os insumos agrícolas, como fertilizantes, ureia e outros componentes químicos serão mais caros por duplo efeito: aumento do preço da matéria-prima, porque o conflito se dá em uma importante região exportadora; e pela desvalorização do Real.

Os combustíveis e o gás devem subir ainda mais de preço; o trigo também, assim como as commodities em geral. As cadeias produtivas voltam a ser atingidas, sofrendo descontinuidade em um momento em que já estão abaladas pela pandemia. E ainda poderá haver uma consequência adicional no caso brasileiro: o fato de, desastradamente, o presidente da República ter visitado a Rússia uma semana antes do início do conflito e deixar seu apoio às pretensões russas (o Brasil é um dos raros países que demonstrou apoio a Putin, além de Cuba, Venezuela e, veladamente, a China), coloca nosso país na mira de represálias econômicas do conjunto dos países ocidentais, particularmente os EUA e a Europa Ocidental. Sem falar nos efeitos financeiros, motivados pela própria represália do Ocidente contra a Rússia. Como sempre, ninguém precisava disso!

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