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Fertilizantes organominerais

Leia sobre as propriedades dos adubos organominerais.



O que é fertilizante organomineral?

Fertilizante organomineral é aquele obtido a partir da mistura física ou combinação de fertilizantes minerais e orgânicos, como resíduos vegetais, de aves, suínos ou outros animais. A política nacional de resíduos sólidos enfatiza a importância do reaproveitamento e agregação de valor aos resíduos sólidos. Os adubos orgânicos, conforme vimos na seção de adubação orgânica, em geral possuem baixas concentrações de nitrogênio, fósforo e potássio, tendo como principal vantagem o condicionamento do solo, o aumento da atividade microbiana e a resistência do solo contra estresses ambientais.

No organomineral, a adubação mineral atua junto com o orgânico para prover o efeito nutricional, proporcionando maior vantagem para o desenvolvimento das plantas. Além disso, a matéria orgânica reduz as perdas de alguns nutrientes no solo, como por exemplo a perda de nitrogênio por lixiviação.

Como os fertilizantes organominerais devem possuir uma concentração mínima de carbono oriundo da fração orgânica, os formulados possuem menor espaço para fontes minerais. Desta forma, não é possível elaborar um fertilizante organomineral tão concentrado quanto produtos minerais, sendo assim, usados em combinação com nutrientes minerais.

Os processos de produção de fertilizantes sintéticos, em sua maioria, são obtidos através de processos com grande gasto de energia. Após a transformação dos resíduos animais e associação com fertilizantes minerais, é possível produzir fertilizantes organominerais granulados com alto teor de fósforo solúvel e menor gasto energético.

Existe uma idéia de que ao comprar um fertilizante organomineral, a maior parte dele é constituído por água. Porém, segundo o MAPA, a quantidade máxima de umidade nos fertilizantes organominerais sólidos é de 30%, sendo geralmente um valor inferior, ainda mais quando se trata de organominerais granulados ou peletizados.

 

Fertilizantes organominerais e a liberação de nutrientes

Quando existe a presença de um componente orgânico na adubação, este proporciona maior capacidade de troca de cátions no solo, promovendo uma maior retenção e liberação mais lenta dos nutrientes quando comparados aos sintéticos, e assim, fornecendo os nutrientes em sincronismo com a época de maior demanda das culturas, além de diminuir as perdas destes.

No caso do fósforo, a maior parte dos fosfatos utilizados em fertilizantes é oriunda de rochas, que podem ser exauridas em 50 anos (Cordell et al., 2009; Gilbert, 2009). A dinâmica deste nutriente no solo é complexa, em solos tropicais é fortemente controlado por reações de sorção do solo, influenciando muito na sua disponibilidade às plantas. O uso de fertilizantes organominerais pode ser uma alternativa interessante, pois a matéria orgânica no solo influencia positivamente na disponibilidade do nutriente no solo (influenciando na adsorção do fosforo aos coloides do solo), aumentando a eficiência do fertilizante.

Segundo Castanheira, Alecrim e Beluttivoltolini (2015), o uso contínuo de fertilizantes organominerais reduz a necessidade de aplicações de grandes quantidades de adubo com o tempo, sendo necessário apenas adubações de manutenção, pois o uso de organominerais estimula a proliferação de organismos responsáveis por mineralizar os nutrientes do solo, disponibilizando para as plantas durante o seu ciclo de vida. Além disso, estes produtos minimizam as perdas por volatilização e lixiviação de nitrogênio, fixação e precipitação do fósforo e lixiviação do potássio. Segundo Levrero (2010), estima-se que o aproveitamento de nitrogênio mineral é de até 50%, do fósforo de até 20% e do potássio de até 60% do produto aplicado. Os fertilizantes organominerais aumentam o aproveitamento em até 70% para nitrogênio, 50% para fósforo e 80% para potássio. Este aumento do aproveitamento ocorre em função da proteção que a matéria orgânica exerce sobre a fração mineral, ficando menos exposta a chuvas e cargas do solo. Assim, estes nutrientes vão sendo liberados lentamente durante o ciclo da cultura, podendo proporcionar maior aproveitamento, e reduzindo as doses de aplicação.

Diversos estudos apontam que: 

  • A adubação orgânica apresenta efeito acumulativo em relação à adubação mineral quanto à produtividade de grãos na segunda safra (Pelá, 2005)
  • Luz et al. (2010) concluíram que o uso de organominerais na produção de mudas de alface (cultivar Vera) proporcionou maior altura de plantas, número de folhas, massa fresca da parte aérea e massa de raízes. Já na produção comercial, as plantas tratadas tiveram maior diâmetro, massa fresca da parte aérea e da raiz.
  • Bezerra et al. (2007) verificaram que o uso de adubo organomineral promoveu incrementos na produtividade de batatas (cultivares Ágata e Atlantic).
  • Luz et al. (2010) observou o aumento de produtividade em tomate comercial através do uso de fertilizantes organominerais. Já em tomate rasteiro, Coimbra et al. (2013) usando adubação organomineral e indutores de resistência, concluiu que estes produtos são eficientes para reduzir ou substituir parcialmente o uso de agrotóxicos.

Evidentemente alguns estudos não resultaram em aumento de produtividade com o uso de fertilizantes organominerais. A prática depende também de outras condições de manejo, bem como a espécie cultivada, tornando importante a realização de estudos para seguir fornecendo dados mais precisos de recomendações.

Mesmo que o aumento do uso de fertilizantes organominerais não elimine a dependência externa por fertilizantes no brasil e nem impacte nos preços destes produtos, os benefícios ambientais e sócio-econômicos relacionados ao uso de organominerais justificam o seu uso (Benites, 2010).

 

Vantagens do fertilizante organomineral

Como vantagem da adubação organomineral, temos:

  • Uso de resíduos que são passivos ambientais de outros sistemas de produção;
  • Proximidade entre ponto de produção de resíduos de suínos e aves e as propriedades de produção de grãos;
  • Aumento da atividade microbiana do solo;
  • Aumento da capacidade de troca de cátions;
  • Proteção contra a salinidade causada pela adubação mineral;
  • Redução de lixiviação de formas catiônicas;
  • Aumento da disponibilidade dos micronutrientes;
  • Melhora na estrutura de solos argilosos;
  • Contribuição com matéria orgânica, proporcionando efeito condicionador de solo;
  • Aumento da capacidade de retenção de água;
  • Crescimento de raízes;
  • Melhor aproveitamento de nutrientes como nitrogênio e fosfato.

 

Mistura de grânulos ou mistura granulada

Os produtos com mistura de grânulos são elaborados com grânulos orgânicos misturados aos grânulos de fertilizantes. É possível observar os grânulos diferentes, os grânulos orgânicos peletizados, que são maiores e mais compridos, e os grânulos de fertilizantes que são menores e mais simétricos em forma de bola.

Já na mistura granulada, ambas as partes orgânicas e fertilizantes minerais são misturados no mesmo grânulo.

 

Diferença entre fertilizante organomineral Classe A e Classe B

Os fertilizantes organominerais podem ser divididos em Classe A e Classe B:

  • Classe A: a matéria-prima é oriunda de atividades do campo, como a produção agropecuária, extrativismo ou agroindústrias, e são isentos de despejos ou contaminantes sanitários;
  • Classe B: a matéria-prima é oriunda de atividades urbanas, industriais ou agroindustriais, com o uso autorizado pelo órgão ambiental responsável

 

 

Cuidado! Ao usar organominerais, alguns produtores reduzem bastante a quantidade de fertilizantes após o uso de organominerais, sem perder produtividade. Isso pode acontecer pelo fato do solo estar com um bom estoque de nutrientes neste momento. Porém, manter essa redução, com o passar do tempo, pode resultar em empobrecimento do solo e perda de produtividade no futuro, pois a cada ciclo irá ser consumida uma parte do estoque de nutrientes, até o momento em que a planta não seja totalmente suprida. Deve-se respeitar as adubações de manutenção.

 

Quando vale a pena usar adubos organominerais

Para complementar o entendimento do conteúdo, recomendamos assistir ao vídeo abaixo, do canal "Adubos & Adubações", em que o Engenheiro Agrônomo Doutor Nelson Horowitz esclarece sobre em que momentos é viável o uso do adubo organomineral.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

BEZERRA, E.; LUZ, J. M. Q.; SILVA, P. A. R.; GUIRELLI, J. E.; ARIMURA, N. T. Adubação com organomineral Vitan na produção de batata. In: ENCONTRO NACIONAL DA PRODUÇÃO E ABASTECIMENTO DA BATATA, 13., 2007, Holambra. Anais eletrônicos… Holambra: ABBA, 2007. 

COIMBRA, K. G.; PEIXOTO, J. R.; SANTINI, M. R.; NUNES, M. S. Efeito de produtos alternativos no desempenho agronômico de tomate rasteiro. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 29, n. 1, p. 1508-1513, 2013.

JUNEK, Jorge Otavio Mendes de Oliveira et al. Fertilizantes organominerais. INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH), Circular técnica 06, Araxá, MG, 2014.

LEVRERO, C. R. Caminho sem volta. In: Encarte Especial ABISOLO. Piracicaba – SP: ESALQ, jul. 2010.

LUZ, J. M. Q.; BITTAR, C. A.; QUEIROZ, A. A.; CARREON, R. Produtividade de tomate Débora Pto sob adubação organomineral via foliar e gotejamento. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 28, n. 4, p. 489-494, 2010.

LUZ. J. M. Q.; OLIVEIRA, G.; QUEIROZ, A. A.; CARREON, R. Aplicação foliar de fertilizantes organominerais em cultura de alface. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 28, n. 3, p. 373-377, 2010.

PELÁ, A. Efeito de Adubos Orgânicos Provenientes de Dejetos de Bovinos Confinados nos Atributos Físicos e Químicos do Solo e na Produtividade do Milho. Dissertação (Doutorado em Agronomia). Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu, SP. 2005. p.145.

ULSENHEIMER, Aline Marion et al. FORMULAÇÃO DE FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS E ENSAIO DE PRODUTIVIDADE. Unoesc & Ciência, ACET Joaçaba, ano 2016, v. 7, p. 195-202, dez. 2016.

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