Limão taiti desperta interesse dos europeus - Exportações para a UE quase triplicaram entre 1999 e 2001; mercado dos EUA ainda é desafio
O mercado externo, principalmente o europeu, começa a prestar mais atenção e a comprar quantidades maiores do limão taiti brasileiro. Entre 1999 e 2001, o volume exportado quase triplicou. A projeção para os próximos períodos continua positiva. Apesar de a exportação ainda representar apenas 2% do total da produção brasileira, o taiti vem acompanhando a evolução do apetite dos estrangeiros, tendência que se reflete no aumento do interesse dos produtores brasileiros em exportar.
O taiti brasileiro vai principalmente para a Europa - Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha e Holanda. A fruta que, na verdade, é uma lima ácida, é cultivada principalmente no Estado de São Paulo, com destaque para Mogi Mirim, Jales, Catanduva, Itajobi e Votuporanga;
Consórcio - Embora boa parte dos citricultores esteja fechando, isoladamente, contratos de exportação para a Europa, em Novo Horizonte (SP) a Associação dos Produtores Rurais do município organiza-se para exportar em grupo e garantir, assim, maior poder de negociação. Está prevista para novembro a reinauguração do consórcio de exportação de limão taiti da Associação dos Produtores Rurais do município. São 50 produtores que cultivam 281 hectares de limão taiti, com produção média anual de 13.400 toneladas.
De acordo com o agrônomo Maurício de Sá Ferraz, consultor do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), o consórcio foi organizado em 1999, operou até o início de 2001 e passa, agora, por uma reformulação. "Estamos identificando qual a melhor forma de trabalho, aumentando o aproveitamento do limão e reformulando as etapas de produção: colheita, packing house e manuseio", diz Ferraz. A meta é tentar participar do mercado externo o ano todo, e não somente exportar limão no pico da safra, como ocorre atualmente.
Ascensão - Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), mostram que em 1999 o mercado externo absorveu 6 mil toneladas de taiti (em caixas de 27 quilos). Em 2000 foram 8 mil toneladas e em 2001 ficou bem próximo de 16 mil toneladas. "O mercado externo está em ascensão", diz a pesquisadora Margarete Boteon, do Cepea.
Como cerca de 70% da produção nacional se concentra no primeiro semestre, já que o pico da safra é entre janeiro e abril, no mercado interno a tendência dos preços é de queda, enquanto no mercado externo o valor negociado oscila pouco. O preço pago ao exportador pode ser até três vezes maior em relação ao valor verificado dentro Brasil, levando-se em consideração o período da entressafra, portanto, quando a cotação nacional está alta.
No pico da safra, nos primeiros meses do ano uma caixa de 27 quilos gira em torno de R$ 1,00 a R$ 2,00, podendo encostar nos R$ 3,00. Já no segundo semestre, principalmente a partir de julho, o preço sobe por causa da pouca oferta. Entre outubro e novembro, ultrapassa a casa dos R$ 20,00.
Concorrência - No mercado externo, o Brasil enfrenta a concorrência do México, forte produtor de taiti, que consegue vender para os Estados Unidos, onde o limão brasileiro não pode entrar, pois os EUA mantêm fortes imposições fitossanitárias em relação ao Brasil. O agrônomo José Dagoberto De Negri, do Centro de Citricultura Sylvio Moreira, da Secretaria de Agricultura paulista, em Cordeirópolis (SP), informa, porém, que o centro está contribuindo com o rompimento das barreiras com os EUA. As discussões já estão na esfera internacional, por intermédio do Ministério da Agricultura. Vários estudos sobre controle de pragas e doenças estão avançando.
O mercado europeu também compra muito taiti do México, mas lá o Brasil consegue avançar, principalmente pelo fato de os picos das safras mexicana e brasileira não coincidirem. Quando o limão brasileiro está em plena safra, o do México está na entressafra. Conforme o pesquisador e agrônomo do mesmo centro, José Orlando de Figueiredo, nos últimos dois anos o consumidor europeu está preferindo um limão com mais suco, grande e com casca verde-escura para fazer drinques, ao contrário do paradigma de um limão quase sem caldo e cascudo para adornar pratos e bebidas. "O nosso taiti apresenta essas características, que são ideais para a caipirinha, que os europeus aprenderam a apreciar", diz.