CI

"Governo precisa definir marco regulatório do setor energético"

Entrevista exclusiva: Tonielo Filho, presidente do CEISE Br



Eleito presidente do CEISE Br para o triênio 2013-2015, Antonio Eduardo Tonielo Filho está ciente dos desafios e perspectivas que o setor sucroenergético tem pela frente. É positiva a nova aproximação do governo federal com o setor da cana-de-açúcar, bem como o cenário promissor em relação ao etanol celulósico. No entanto, Tonielo Filho ressalta a necessidade de um marco regulatório para o setor, buscando competitividade. Ele destaca que essas questões serão discutidas na FENASUCRO – 21ª Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergético. O evento do CEISE Br é organizado pela Reed Multiplus – associada à Reed Exhibitions Alcantara Machado, e acontece de 27 a 30 de agosto, em Sertãozinho (SP).


Hoje parece haver um descompasso entre as ações do governo e reivindicações do setor sucroenergético. Como alinhar as medidas federais ao trabalho do setor da cana-de-açúcar, para reestruturar o desenvolvimento?

Tonielo Filho - Nos últimos meses houve uma mudança de postura do governo federal, que passou a conversar com o setor. É um bom sinal, e algumas medidas já começaram a ser adotadas, apesar de paliativas. Mesmo assim, não serão suficientes para a segurança e viabilidade de nossa esfera. É preciso, urgentemente, que o governo defina o marco regulatório do setor energético do país, adote políticas públicas que incentivem a competitividade do etanol hidratado perante a gasolina, e promova a redução de impostos, para que a indústria possa voltar a investir e assim aumentar sua capacidade produtiva. Consequentemente, a indústria de base – representada pelo CEISE Br, terá condições objetivas e satisfatórias para também investir e aumentar a competitividade do setor.
 

Na sua opinião, o etanol celulósico já é uma realidade, ou se assemelha à situação do pré-sal, muito comentado porém com poucos resultados efetivos, até agora?

Tonielo Filho - Assim como o pré-sal, o etanol celulósico carece de recursos para investimentos. O etanol de segunda geração, ou ainda, bioetanol, é uma realidade, mas precisa de regulamentação e planejamento para que não se perca mais uma oportunidade. A sua produção é capaz de incrementar toda a cadeia produtiva da cana, inclusive a indústria de base. Os empresários interessados precisam ampliar os investimentos, porém, ao mesmo tempo, as linhas de financiamentos também precisam aumentar. É necessário ainda que se haja um planejamento a longo prazo, regras e critérios para produção e distribuição, e uma política de preços mais competitiva do etanol que é produzido hoje, para que o de segunda geração possa dar toda a sua contribuição possível para o desenvolvimento do setor e da economia nacional.

 
Qual tem sido o papel do CEISE Br na articulação do setor da cana-de-açúcar?

Tonielo Filho - Hoje o CEISE Br é visto como interlocutor da indústria de base da cadeia sucroenergética, e atua em consonância com as outras entidades desta esfera, na defesa dos interesses das empresas do setor sucroenergético e biocombustíveis. Temos trabalhado incansavelmente para unir ainda mais as diferentes vertentes da cadeia produtiva da cana. Somente com essa integração vamos conseguir, aos poucos, dissolver os gargalos que existem, e obter condições para o desenvolvimento e crescimento do setor.
 

Como transformar a questão do desenvolvimento sucroenergético em um debate não apenas de setor, mas de discussão nacional?

Tonielo Filho - É um dos nossos objetivos, e trabalhamos por isso, colocando em pauta os problemas e possíveis soluções. Buscamos a união de cada um dos elos da cadeia produtiva, visando o crescimento e desenvolvimento sustentável do setor. Mas o sucesso não depende somente do plantar, colher, transportar e vender bem o produto final. É preciso que as instituições públicas e privadas de pesquisas busquem inovações em tecnologia, aumento de eficiência, redução de custos, etc. Faz-se necessário tambémaprimorar a logística, não só de CCT (Corte, Carregamento e Transporte), mas do transporte como um todo, desde máquinas e equipamentos até o produto final, melhorando rodovias, integrando de forma sistêmica, funcional e eficiente todas as etapas da cadeia produtiva. Enfim, além das iniciativas privadas do setor, urge a necessidade de uma regulação permanente pelo setor público, estabelecendo normas e regras perenes, que transmitam segurança ao investidor.

 
Nesse cenário, qual a importância da realização da Fenasucro para o setor? O novo layout da feira, dando destaque à Tecnologia, é uma mensagem para que as usinas e outros agentes busquem aumento de produtividade e novos métodos?

Tonielo Filho - A Fenasucro, maior feira do setor sucroenergético do mundo, oferece oportunidades imperdíveis aos empresários, porque reúne em um só lugar o que há de mais moderno para as empresas do setor. Abre possibilidades de negócios em todos os segmentos da cadeia produtiva. Com certeza, é o evento perfeito para quem busca a mais alta tecnologia associada à inovação, desenvolvimento e manutenção, em todas as vertentes sucroenergéticas.

 
Existe por parte do Ceise alguma expectativa de volume de negócios que deverão ser fechados dentro da feira neste ano?

Tonielo Filho - Nossas estimativas apontam um crescimento acima de 10%, para a 21ª edição da Fenasucro. Sendo assim, acreditamos que sejam gerados mais de 2,5 bilhões de negócios este ano.
 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.