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“Pinus pirata” é alvo do Ibama no Paraná e em Santa Catarina

Desmatamento de áreas nativas para possibilitar o plantio de espécies exóticas é prejudicial à biodiversidade


O Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fiscaliza o desmatamento de áreas nativas na região Centro-Sul do Paraná e no Norte de Santa Catarina para o plantio de pinus e eucalipto. A operação, batizada de “Pinus Pirata”, começou há 10 dias e já aplicou R$ 773 mil em multas. As árvores de pinus e eucalipto que estiverem plantadas em área remanescentes da Mata Atlântica serão derrubadas e doadas para instituições cadastradas no Ibama.


O nome da operação é uma alusão ao termo “Boi Pirata” usado pelo então ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, em junho de 2008, que comandou a retirada do gado criado em áreas desmatadas da região amazônica. A chefe de fiscalização da superintendência do Ibama no Paraná, Maria Luíza Gonçalves, afirma que as áreas irregulares nos dois estados começaram a ser identificadas no ano passado.

Os proprietários são notificados a cortar e enfileirar as toras das espécies exóticas, num prazo de 10 dias após o embargo. A limpeza da área deve ser feita em até 60 dias. Os produtores notificados terão ainda de fazer a recuperação da área. “Se os proprietários não fizerem essa retirada, o próprio Ibama vai fazer”, alerta Maria Luíza, acrescentando que bens usados no plantio e transporte dos pinus e eucaliptos como tratores e caminhões, serão apreendidos. Até o momento, nenhuma plantação de espécie exótica foi derrubada. A operação ainda está em andamento e, por enquanto, não há um balanço fechado das apreensões.


Conforme o professor do departamento de Biologia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) Denny Willian da Silva, o desmatamento de áreas nativas para possibilitar o plantio de espécies exóticas é prejudicial à biodiversidade. “Ele repercute de forma negativa em toda a cadeia”, acrescenta. O solo fica mais seco e a água da chuva escorre com mais facilidade, possibilitando a erosão e o assoreamento dos rios, o que, segundo o professor, prejudica o desenvolvimento dos peixes. Os animais que viviam na floresta nativa também sofrem: há uma redução dos alimentos e a menor probabilidade de confecção de ninhos. “Um hectare de floresta de araucária tem entre 70 e 80 espécies diferentes de árvore. A mesma área de pinus ou eucalipto tem uma espécie somente, o que reduz as chances de sobrevivência da fauna e da flora originais”, completa.

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