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‘Vamos vender boi a R$ 90/arroba em novembro’

O pecuarista destaca ainda o crescimento da demanda por alimentos na China, levando em conta que este é um ano de Jogos Olímpicos naquele país


‘Não tenho dúvida de que vamos vender boi gordo em novembro (deste ano) a R$ 90,00 (a arroba)’’, afirma o pecuarista e empresário José Antonio Fontes, conselheiro e um dos fundadores da Associação Nacional dos Produtores Bovinos de Corte (ANPBC). Aliado à redução no volume de abate – que diminui a oferta –, ele ressalta a importância do aquecimento do consumo de carne, principalmente, no mercado interno, que já saltou de 36 quilos per capita para 41 quilos per capita nos últimos 12 meses.


‘‘Hoje, 80% dos 10,4 milhões de toneladas de carne abatidas por ano no Brasil são direcionados ao consumo interno’’, informa. O pecuarista destaca ainda o crescimento da demanda por alimentos na China, levando em conta que este é um ano de Jogos Olímpicos naquele país, o que deve acelerar as exportações brasileiras de carne bovina.

‘‘Em todas as commodities agrícolas estamos passando por uma fase em que temos menores estoques mundiais. Existe um consumo extraordinário, e isso não é diferente para a carne. É realmente uma questão de oferta e procura de alimentos. Se tudo continuar como agora, a tendência é que os preços da carne se mantenham em alta’’, observa Fontes.

A recomendação da ANPBC para os produtores hoje, conforme o pecuarista, é que se mantenha – ou até diminua – o número de fêmeas no plantel existente. ‘‘Com isso estaremos aumentando a qualidade da carne e a taxa de desfrute (total de animais comercializados em relação ao total do rebanho), além de termos uma melhora considerável na administração dos custos’’, justifica Fontes.


O pecuarista diz que os produtores devem ‘‘trabalhar muito bem’’ as fêmeas e utilizar a ‘‘tecnologia de nutrição com os bezerros para que desmamem com preço mais alto possível para antecipar o período de abate’’.

Em relação à qualidade da carne nacional, Fontes destaca que o Brasil é o único país do mundo que consegue oferecer carne de diferentes padrões para qualquer exigência de mercado. Para ele, o processo de rastreabilidade exigido pela União Européia para liberar as exportações é ‘‘desleal’’ com o consumidor interno. ‘‘Os pecuaristas não podem admitir em ter como imagem, infelizmente, o exemplo do café, em que só o que vai para fora é considerado bom’’, defende.

O representante da ANPBC critica o fato de as autoridades brasileiras não terem ouvido os pecuaristas na hora de aceitar um conceito de rastreabilidade ‘‘impossível’’ de ser atendido no Brasil. ‘‘Aqui é outra realidade, veja as dimensões do nosso país. Lá, eles criam boi de apartamento. Além disso, só teríamos realmente condições de fazer rastreabilidade se todos os elos da cadeia estivessem envolvidos. E com penalidade’’, pondera.

Quanto à atuação dos frigoríficos, Fontes afirma que ‘‘a indústria tem o poder, sim, de regular preços no país, e exerce esse poder’’.

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